São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 1994
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Casa da Moeda pode ficar mais de três meses sem imprimir cédulas

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A Casa da Moeda deverá ficar pelo menos três meses sem imprimir nenhuma cédula caso não consiga fechar contratos de exportação nos próximos dias.
Em junho, a empresa imprime as 175 milhões de cédulas do real que faltam para completar a encomenda de 1.115 milhão feita pelo Banco Central (BC).
O presidente da Casa da Moeda, Danilo Lobo, disse que espera receber em setembro uma posição do BC sobre quando começarão a ser impressas cédulas para renovar as que entram no mercado em 1º de julho.
As encomendas de cédulas e moedas feitas pelo Banco Central representaram no ano passado cerca de 80% do faturamento da Casa da Moeda.
Países africanos
A empresa está negociando com "países africanos" contratos de exportação.
Lobo não quis revelar os nomes dos países para "não atrapalhar as negociações".
Quando decidiu substituir o real pelo cruzeiro real, o governo brasileiro optou também por importar 260 milhões de cédulas, temendo que a Casa da Moeda não conseguisse fazer toda a produção a tempo para o lançamento do novo dinheiro.
O custo total das importações, feitas na Grã-Bretanha, França e Alemanha, foi de US$ 13 milhões, já incluindo transporte.
A Casa da Moeda vinha com uma produção mensal de 200 milhões de cédulas, mas reorganizou seu sistema produtivo e implantou um sistema de três turnos, chegando a produzir mais de 500 milhões de cédulas por mês.
Esfriada
Pelo cronograma inicial, a empresa entregaria toda a encomenda que lhe foi feita até o dia 4 de junho.
Com a definição de 1 de julho como data da entrada do real em circulação, Lobo disse que deu "uma esfriada" no ritmo de produção para não ter que parar as máquinas mais cedo.
Uma das medidas tomadas foi acabar com o trabalho nos finais de semana.
Mesmo com a possibilidade de ficar com as máquinas e parte do seu pessoal de produção ociosos, Danilo Lobo afirma que a decisão de importar cédulas foi acertada na época que ocorreu.
Segundo ele, como não havia uma data definida para o lançamento da nova moeda, o Banco Central procurou se cercar de garantias de que o lançamento não seria retardado por falta de dinheiro.
Gorduras
Danilo Lobo disse também que a Casa da Moeda não terá problemas de custeio por causa da parada na produção de cédulas.
Segundo ele, as gorduras acumuladas na produção do real permitem essa parada sem problemas.
A produção das cédulas do real significou para a Casa da Moeda um faturamento de aproximadamente US$ 46 milhões.
A empresa tem 2.000 empregados.

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