São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 1994
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Insegurança leva pilotos a ameaçarem boicotar GP

ANDRÉ LAHOZ
ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA

\<FT:"MS Sans Serif",SN\>Frank Williams (dir) apresenta o escocês David Coulthard como o segundo piloto do time
Crédito Foto: France Presse
Observações: COM SUB-RETRANCAS
Insegurançaleva pilotos a ameaçaremboicotar GP
O GP da Espanha pode não se realizar por falta de pilotos. Os corredores se recusam a entrar nos carros enquanto não forem feitas as mudanças no traçado da pista que apresentaram há 15 dias para a FIA, entidade que dirige o automobilismo internacional.
Os pilotos estiveram reunidos ontem por mais de cinco horas. Ao final, a decisão era clara: ou fazem todas as mudanças que pediram, ou não irão correr.
A principal crítica é relativa à não realização de uma chicana (mudança artificial no traçado, com o objetivo de forçar uma redução da velocidade) antes da curva Nissan.
O brasileiro Rubens Barrichello, da equipe Jordan, garantiu que a chicana poderia ser feita durante a noite. Se isso ocorrer, os pilotos estariam prontos para entrar hoje na pista para os primeiros treinos.
Foi também o que afirmou o piloto da Ferrari Gerhard Berger. "Vamos chegar aqui amanhã (hoje) pela manhã, e vamos ver o que foi feito. Esperamos que tudo esteja bem. Vamos testar a pista, nos reuniremos novamente e, então, decidiremos."
O austríaco não conseguiu explicar por que as alterações não foram feitas. "Os nossos pedidos foram claros. Simplesmente não sabemos os motivos."
O GP também está tumultuado pelas mudanças nos carros exigidas pela Federação Internacional de Automobilismo. A FIA havia apresentado uma série de alterações para reduzir a pressão aerodinâmica, que "cola" os carros no chão e os permite ser muito rápidos. Foi uma tentativa de diminuir os riscos do esporte.
As equipes e os pilotos entenderam que essas mudanças deveriam ser acompanhadas por uma redução na potência do motor dos carros. Afinal, ao reduzir a pressão aerodinâmica, os carros ficam mais "soltos". Se a potência não for reduzida, o risco de acidentes poderia aumentar.
Estranhamente, a FIA não atendeu a sugestão dos pilotos e equipes. O resultado é que os carros estão mais "nervosos".
"O caro ficou mais lento, mas tenho dúvidas se está melhor", afirmou ontem o piloto Damon Hill, da Williams.
A opinião é a mesma de Rubens Barrichello. "Eu não gostei das mudanças. O carro está muito mais sensível", disse o brasileiro.
Frank Willliams, dono da equipe que carrega seu nome, também criticou os novos carros. Segundo ele, todas as vezes que Hill corria mais forte, o carro rodava.
As críticas das equipes são também em relação ao pouco tempo para realizar mudanças que não são pequenas.
A Benetton enviou carta à FIA, criticando-a abertamente e a responsabilizando por eventuais acidentes. Ao final da noite de ontem, a participação da escuderia na corrida estava ameaçada.

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