São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 1994
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Clinton renova o status da China

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, renovou ontem a condição de Nação Mais Favorecida em comércio à China.
Ele também decidiu desvincular o respeito aos direitos humanos naquele país da sua inclusão na lista de nações mais favorecidas.
Há dois anos, quando o ex-presidente George Bush resolveu manter a China na relação, o então candidato Bill Clinton o acusou de "mimar tiranos".
Ontem, confrontado com suas críticas a Bush, o presidente disse que "a situação mudou" e que a China progrediu no respeito aos direitos humanos.
Clinton admitiu, no entanto, que o governo chinês não cumpriu todas as exigências nessa área que ele lhe havia feito há um ano.
Mas argumentou que isolar a China não seria a melhor estratégia para fazer com que seu governo avance na área dos direitos humanos.
"Eu acredito, baseado nas extensivas consultas que tenho feito nas últimas semanas, que nós teremos melhores chances de conseguir do governo chinês avanços na área de direitos humanos se não as vincularmos à condição de Nação Mais Favorecida no comércio", disse Clinton.
Esse é o segundo grande recuo dos EUA em suas relações comerciais com países da Ásia em apenas uma semana.
Anteontem, Clinton abriu mão de exigir do Japão o estabelecimento de metas quantitativas para o comércio entre as duas nações.
Para tentar aplacar a reação negativa que virá dos grupos que defendem os direitos humanos, Clinton anunciou que os EUA vão parar de comprar armas ou munições da China.
Essas exportações chinesas têm o valor aproximado de US$ 200 milhões anuais. O total das exportações chinesas para os EUA somam US$ 31 bilhões.
Os EUA exportam em torno de US$ 8 bilhões por ano à China. Cerca de 150 mil empregos norte-americanos dependem desses negócios.
Clinton citou como motivos para sua decisão os interesses comuns dos dois países em impedir a nuclearização da Coréia do Norte.
Também argumentou que a China tem poder de veto no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, é uma potência nuclear e sua economia é uma das que mais crescem no mundo atual.
O líder do governo no Senado, George Mitchell, começou a tentar ontem entendimento com a oposição para aprovar lei para impor sanções contra produtos chineses fabricados por indústrias controladas pelos militares.

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