São Paulo, domingo, 29 de maio de 1994 |
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Empresa e governo distorcem preços
FRANCISCO SANTOS
Por desconfiar dos números que são apresentados ao governo pela empresa, o presidente Itamar Franco determinou no mês passado uma auditoria na Petrobrás. O principal alvo do governo é saber como a empresa faz o cálculo do preço do petróleo produzido no Brasil, considerado uma verdadeira "caixa preta". A estatal rebate argumentando que já apresentou ao governo, sem contestações, os resultados de várias auditorias em suas contas. Os números da Petrobrás são auditadas pela empresa Ernst & Young. De acordo com a empresa, em 93 o custo do óleo nacional foi de US$ 14,43 por barril. Para a Petrobrás, a solução dos seus problemas virá com o contrato de gestão assinado este ano com o governo mas ainda pendente de ajuste de números. O contrato significa o estabelecimento de determinadas metas anuais, tendo a empresa liberdade de atuação para cumprí-las. A estatal entende que o contrato garantirá a transparência e acabará com a política de compressão das tarifas de combustíveis como instrumento de combate à inflação. Mas especialistas como o ex-presidente da comissão de privatização Eduardo Modiano e os engenheiros Adriano Pires Rodrigues e Danilo Dias, argumentam que enquanto for estatal e monopolista a empresa estará sujeita esse tipo de controle. Números O faturamento bruto da Petrobrás no ano passado foi de US$ 18,03 bilhões, um número modesto se comparado com os US$ 34 bilhões (dólares de 1990) faturados pela empresa em 1980. Segundo José Fantine, superintendente de Planejamento da empresa, a maior parte dessa queda deve ser creditada à baixa dos preços do óleo no mercado internacional após o choque de 1979, quando o barril chegou a quase US$ 40. A produção do país foi de 668.291 barris/dia no ano passado e os investimentos em exploração e produção foram de US$ 1,56 bilhão, para um investimento total de US$ 2,16 bilhões. Investimentos José Fantine diz que aos preços atuais a Petrobrás só pode investir US$ 2 bilhões por ano. Mas ele afirma que para um crescimento econômico de 4% a 5% ao ano o crescimento do consumo de combustíveis ficaria numa média de 3% ao ano. Fantine acrescenta que os investimentos anuais para acompanhar esse aumento de demanda bastariam ser de US$ 3 bilhões. Ele disse que a Petrobrás seria capaz de cumprir esse programa, mantendo ainda os preços dos combustíveis a uma média de 30% abaixo dos preços de mercado internacional. A Petrobrás responde sozinha pelas atividades de exploração, produção, refino, importação e transporte de petróleo. Nessas atividades ela é isenta de imposto de renda. O monopólio estatal é assegurado pelo artigo 177 da Constituição federal. Está aberta ao setor privado apenas a distribuição de combustíveis. Deste setor, a BR, subsidiária da Petrobrás, tem 36%. (FS) Texto Anterior: Estatais emperram base da economia Próximo Texto: Preço alto faz Telebrás perder recursos Índice |
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