São Paulo, domingo, 29 de maio de 1994
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Craques apostam em estilo feminino e sem violência

LUIZ CARLOS DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Adeptas do futebol arte, as principais craques do futebol paulistano apostam na consolidação de uma "escola" genuinamente brasileira e feminina.
"Valorizamos muito mais o conjunto. Os movimentos são clássicos e bonitos, sem violência. Sai muito mais jogo", diz a empresária Cecília Tavares, 30.
"Temos um estilo mais solto e flexível. Brincamos com a essência", afirma a universitária Ana Paula de Souza, 24, quintoanista da Faculdade de Economia e Administração da USP.
Para ser classificada como "boa de bola", segundo elas, a garota tem que dominar os principias fundamentos do futebol como desarme, ocupação de espaço, drible, passe, controle de bola e chute.
As craques têm quase sempre uma história comum. Na infância brincavam com os irmãos e nos colégios estavam sempre à frente de alguma "pelada".
"`Jogo desde pequena", conta uma das mais melhores jogadoras da cidade, Eunice Macedo Juliasz, 28, a Nice, integrante da equipe Monark Turismo.
Ela está em entendimento com o empresário Emir Parisotto para ser negociada com algum time italiano. Nice é gerente de uma confecção, mora no Alto de Pinheiros, mas trocaria de vida para jogar no exterior.
"Jogar futebol é a coisa que mais gosto de fazer na vida", diz. Um fato que a animou foi a contratação recente de duas jogadores gaúchas (Duda e Bel) por clubes italianos.
A ponta-esquerda de seu time, a psicóloga Dani Cury é outra que está disposta a fazer as malas.
"O preconceito no Brasil ainda é muito arraigado", diz Dani.
Uma de suas provocações preferidas é fazer embaixada (controle de bola sem deixar cair) na praia. "Adoro quando os homens rodeiam e dizem: não acredito!".
O professor de educação física Kazuo Shiramizo, 33, do Colégio Santa Cruz, no Alto de Pinheiros (zona oeste), acha que as mulheres evoluem rapidamente.
"Elas têm menos vícios. Uma partida delas bem jogada mostra passes precisos, rapidez e nenhuma violência." Ele é o atual treinador do time do colégio, que está no terceiro ano de atividade.
Rio
No Rio de Janeiro, o time de futebol do cantor e compositor Chico Buarque, o Politheama, também abriu sua filial feminina.
O time faz a preliminar, todos os sábados, antes dos homens. "O espírito de rivalidade não é tão acirrado entre nós", diz a historiadora Cristima Gomes Saraiva, 32, goleira do time.

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