São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 1994 |
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Movimento arma arsenal para invasões
GUSTAVO KRIEGER
O primeiro relatório sobre as armas dos sem-terra foi elaborado pela SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), órgão vinculado à presidência da República. O documento afirma que os sem-terra estariam contrabandeando armas através do Paraguai. As armas estariam passando em pequenas quantidades por Foz do Iguaçu (PR) e estocadas em acampamentos e assentamentos de sem-terra nas áreas de conflito. O segundo relatório foi elaborado pelo serviço secreto da Polícia Militar do Rio Grande do Sul. A Folha teve acesso a este relatório. Ele aponta o uso de armas de fogo em uma invasão dos sem-terra. O relatório diz que os sem-terra teriam escondido "pelo menos 50 armas", entre fuzis e pistolas, no acampamento da Fazenda Santa Rita, em Lagoa Vermelha (RS). O MST nega possuir armas de fogo. A direção do movimento diz que os sem-terra usam apenas foices e facões "para sua defesa, durante as ocupações de terra". Na invasão de Lagoa Vermelha, o líder do acampamento, Getúlio Vargas, afirmou que "nenhuma arma de fogo foi usada". A PM gaúcha pretendia revistar os sem-terra em busca destas armas na última terça-feira, quando os cerca de 600 sem-terra que tinham invadido a Fazenda Santa Rita foram desalojados. O MST recusou-se a aceitar a revista e ameaçou reagir com violência. O impasse quase anulou o acordo para desocupação pacífica da área. A PM cancelou a revista. A possibilidade de confronto entre militares e sem-terra não se limita à questão das armas. O MST planeja invadir 15 mil hectares em áreas das Forças Armadas se Luiz Inácio Lula da Silva (PT), for eleito presidente. A invasão de áreas militares é um antigo projeto dos sem-terra. Eles reivindicam o assentamento em terras em uma área de treinamento de tiro do Exército, no Rio Grande do Sul. Apoio do PT O Movimento dos Sem-Terra) recebe apoio de setores do PT e da CUT para as invasões de terra. A invasão da Fazenda Santa Rita, em Lagoa Vermelha (RS), deixou claro esse apoio. A invasão começou a ser preparada em novembro de 1993, quando o MST convocou um Congresso Estadual sobre Reforma Agrária, realizado em uma área de 40 hectares, em Lagoa Vermelha. A área pertence a Arquimedes Sassi, que é um dos coordenadores da campanha de Lula na região. Após o congresso, cerca de 600 pessoas ficaram na área, com a permissão de Sassi, para preparar a invasão que ocorreria seis meses depois. O PT deu apoio político aberto à invasão. Um dia antes da desocupação da fazenda, o deputado federal Adão Pretto (PT-RS) e os deputados estaduais Ivar Pavan (PT), Antonio Marangon (PT) e Jussara Cony (PC do B) estiveram no local, apoiando os sem-terra. Texto Anterior: PTB apoia candidato do PMDB,Barros Munhoz, para o governo Próximo Texto: Militantes são profissionais Índice |
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