São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 1994
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Itália prepara esquema com tridente no ataque na Copa

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

Itália prepara esquema com tridente no ataque
O Itália desafia as crenças de Carlos Alberto Parreira e prepara um esquema de jogo ofensivo para a Copa. O seleção italiana está treinando atualmente com três atacantes.
Um dos argumentos de Parreira para economizar atacantes é que o esquema de jogo com quatro homens no meio-campo é mais moderno e adotada pelas principais seleções. Esse esquema é conhecido como 4-4-2.
O esquema tático com três atacantes, o 4-3-3, seria antiquado, segundo o treinador brasileiro. A equipe perderia o meio-campo e não conseguiria fazer a bola chegar até o ataque.
O técnico italiano, Arrigo Sacchi, parece discordar. Nos treinamentos que a seleção italiana realizou na última semana em Milanello, a equipe está jogando num 4-3-3, em vez do habitual 4-4-2.
Sacchi tem escalado seu time com Berti, Baggio e Signori no ataque. Berti, que normalmente jogava recuado no Milan, passou a atuar mais aberto, na frente.
Parreira quer a seleção brasileira jogando apenas com Bebeto e Romário na frente. Outros atacantes, como Ronaldo, Muller e Viola, devem ficar no banco.
O brasileiro prefere ter dois volantes no meio-campo, Dunga e Mauro Silva, cuja função básica é o desarme. Sacchi deixou apenas um homem no setor, Dino Baggio.
Isso não significa que a seleção italiana esteja se discuidando da marcação. Pelo menos dois desses atacantes (Signori e Berti) têm também a função de dar combate no meio-campo.
A mudança tática alterou o ambiente na concentração italiana. Sacchi, que estava brigado com a torcida, fez as pazes com os italianos após alguns bons treinos da seleção.
"Se fizermos outras três semanas como essa, teremos boas satisfações", disse o treinador italiano.
A imprensa do país já começa a falar no "tridente italiano", baseado no ataque com três homens.
Especula-se ainda que o atacante Massaro poderia entrar no lugar de Berti, mais acostumado a jogar no meio-campo. Isso deixaria o time ainda mais ofensivo.
O técnico Arrigo Sacchi vai definir a equipe titular somente depois do amistoso contra a Suíça, na próxima sexta em Roma, antes de a Itália embarcar para os EUA.
A "azzurra", que tem como cidade sede Nova York, ficará hospedada em Martinsville (Estado de New Jersey). Os italianos chegam aos EUA no dia 7 de junho.
A Itália está no Grupo E, um dos mais equilibrados da primeira fase da Copa, que tem ainda Noruega, México e Irlanda.
A necessidade obrigou o técnico italiano Arrigo Sacchi a procurar soluções alternativas para a Itália. Abalada por maus resultados, a equipe estava sem credibilidade.
Primeiro foi a derrota para a França, em Paris. A Itália perdeu por 1 a 0. A França não se classificou para a Copa.
Depois foi a derrota para a Alemanha, por 2 a 1. Os italianos foram completamente dominados no segundo tempo.
Finalmente, a humilhante derrota por 4 a 0 num jogo-treino para o Pontedera, uma equipe da quarta divisão italiana. A falta de padrão de jogo e poder ofensivo eram as principais críticas a Sacchi.
Bombardeado por críticas da imprensa e vaiado pelos italianos, o treinador passou a fazer treinos a portas fechadas. Os torcedores, barrados na entrada da concentração, chegaram a insultar Sacchi.
Após dois bons treinos com o 4-3-3, a "azzurra" goleou por 6 a 0 uma equipe juvenil (reforçada por reservas da seleção).
Com a vitória de sexta contra a Finlândia, o técnico refez as pazes com o país.

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