São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 1994
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Fracassa o esquema antiespionagem

MÁRIO MAGALHÃES; FERNANDO RODRIGUES
DOS ENVIADOS ESPECIAIS

Fracassou o plano do técnico Carlos Alberto Parreira para dificultar a ação de "espiões" de outras equipes nos treinos do Brasil.
Ele desistiu de proibir a presença de público na maioria dos treinamentos. Na primeira vez em que vetou público, sábado, descobriu que é possível assisti-los de dois locais do lado de fora do campo da Universidade de Santa Clara.
Ontem de manhã revogou a proibição a torcedores no treino da tarde. "É preciso reconhecer que não dá mesmo para nós nos escondermos aqui", disse.
Parreira também abandonou o veto a jornalistas estrangeiros. Até a sexta-feira, ele queria só a presença de brasileiros nos treinos.
A única das medidas tomadas pelo técnico que deu certo foi a interdição do uso de máquinas fotográficas e de vídeo pelo público. A segurança da CBF e policiais americanos asseguram o veto.
Mas é possível registrar os treinos de fora do estádio, de uma cerca e de um prédio da universidade.
A fotógrafos e cinegrafistas é permitido registrar todas as imagens, até cobrança de pênaltis –quando se vê em que lado e altura cada jogador costuma chutar.
Enquanto seu esquema antiespionagem fracassava, Parreira decidiu reforçar o trabalho de observação de outras equipes.
O cinegrafista Jorge Ventura, contratado pela CBF para acompanhar a seleção na Copa, vai com o técnico assistir ao jogo entre Suécia e Camarões na estréia das duas equipes no Mundial, dia 19.
Elas integram o Grupo B, ao lado de Brasil e Rússia. Ventura não vai se preocupar com lances específicos, mas com posicionamento de jogadores e a armação das jogadas, para análise mais detalhada de Parreira e exibição aos jogadores.
Até junho os "espiões" brasileiros Jairo dos Santos e Júnior assistirão na Europa a partidas de Rússia, Suécia, Suíça, Itália e Noruega. Além de relatórios com desenhos sobre tática, eles trarão vídeos dos jogos para os EUA.
O trabalho dos observadores é evitar surpresas no modo de jogar dos adversários. Em 1992, o São Paulo teve grande ajuda de seu então espião, Valdir de Morais, para vencer a Taça Libertadores.
Ele assistira a jogos do adversário e sabia onde seus jogadores costumavam cobrar pênaltis. Foi numa defesa de Zetti, no canto indicado por Valdir, que o clube brasileiro conquistou o título.

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