São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 1994 |
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Breeders são mais do que simples 'alternativos'
MARCELO REZENDE
No cenário da música norte-americana, não existe nada mais atraente do que uma elaborada imagem de rebeldia. E hoje, não existe rebeldia mais confortável para a indústria do que os Breeders. Originários de uma pequena cidade de Ohio, o grupo surgiu de pequenos retalhos de outras bandas. A mais famosas, os Pixies, o ex-grupo da líder dos Breeders, Kim Deal. Um pouco como herdeiro dessa tão mitificada banda, o grupo começa agora a cumprir a cansativa trajetória de ser a última grande novidade da indústria do rock alternativo. Ou seja, dentro de um espírito "rebelde". Mas se existe alguma reveldia nos Breeders, é o de conseguir perverter as próprias regras com que é obrigada a jogar. Ao contrário do que imagina um fã mais desatento, Kim Deal e sua banda não produzem música pop. E, ao menos no caso da banda, isso funciona de forma assustadoramente perfeita. "Last Splash", o segundo trabalho do grupo (o primeiro, "Pod", de 90 trazia o grupo em uma outra formação) só se tornou um grande sucesso porque conseguiu, de forma inteligente, brincar continuamente com as referências do ouvinte. Canções como "Cannonball", "Divine Hammer" ou "Drivin on 9" são ecos de outras canções que todos nós já ouvimos um dia. Um grupo que passa perfeitamente do romantismo singelo para o rock mais brutal e violento. Algo que já foi chamado de "uma mistura de soul e punk rock". Só que sem gerar qualquer aberração. Delicioso e agradável, mas de maneira alguma brilhante. Ao contrário do que pregam todos os fãs e críticos do tal rock alternativo, Kim não é a profeta e nem os Breeders são a Terra Prometida. É apenas bom e agradável. Genialidade -e rebeldia- com certeza, é uma outra coisa. Texto Anterior: Grupo Morphine busca a essência do rock Próximo Texto: Coletânea soa como lava escorrendo do inferno Índice |
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