São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 1994
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Erich Honecker morre no Chile

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O último líder da extinta Alemanha Oriental Erich Honecker, 81, morreu ontem às 7h (8h em Brasília) em consequência de uma anemia causada por câncer no fígado. Ele vivia em Santiago, capital do Chile.
A notícia da morte foi dada pelo advogado de Honecker em Berlim, que recebeu um telefonema da mulher dele, Margot.
Erich Honecker governou a Alemanha Oriental entre 1971 e 1989, quando um levante pacífico derrubou o regime comunista.
Em 1961, supervisionou pessoalmente a construção do Muro de Berlim, considerado um dos maiores símbolos da Guerra Fria entre comunistas e o Ocidente.
Honecker foi responsabilizado pela morte de centenas de pessoas, baleadas ao tentar cruzar o Muro de Berlim rumo ao Ocidente durante o regime comunista.
Para escapar da prisão, fugiu em 91 para Moscou e se refugiou na embaixada chilena. Antes que fosse extraditado para a Alemanha, voltou ao país em julho de 92.
Ficou preso por seis meses na Alemanha por causa das acusações. Devido ao seu precário estado de saúde, o julgamento pelas mortes foi suspenso e Honecker foi libertado pela Justiça.
Em janeiro de 93, Honecker passou a viver no Chile com a mulher e a família de sua filha.
Levou uma vida reclusa em um subúrbio de Santiago e nos últimos três meses praticamente não saía mais da cama.
Durante sua permanência no país, foi hospitalizado por várias vezes para tratamento do câncer. Em dezembro último recebeu um marcapasso no coração.
A filha do ex-líder, Sonja, afirmou em março que seu estado de saúde estava piorando e ele teria pouco tempo de vida.
O chanceler alemão Helmut Kohl reagiu friamente à notícia da morte de Honecker. "O respeito pela proximidade da morte pede que falemos muito pouco sobre seu papel na história da Alemanha do pós-guerra", disse um porta-voz de Kohl.
"Honecker falhou em seus objetivos políticos. Suas ações causaram dor a um número incontável de pessoas", afirmou o porta-voz.
O ex-líder morreu sem renegar seu passado comunista. Dizia que a reunificação da Alemanha era o início de um "Quarto Reich" e responsabilizou o ex-líder soviético Mikhail Gorbachev por permitir a queda do regime comunista na Alemanha Oriental.
O corpo de Honecker deve ser cremado hoje no cemitério de Santiago. Uma rádio alemã noticiou que ele expressou em vida o desejo de que suas cinzas sejam levadas para a Alemanha.

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