São Paulo, quarta-feira, 1 de junho de 1994
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Banco do Brasil pretende criar a primeira estatal do governo Itamar

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo federal está na iminência de criar uma nova empresa estatal, a Brasilprev, destinada a atuar no mercado da formação de pecúlio e complementação da aposentadoria de seus assegurados.
A empresa é subsidiária do Banco do Brasil/Banco de Investimento (BB/BI), controlado integralmente pelo Banco do Brasil.
A Constituição condiciona a abertura de estatais à aprovação do Congresso. A Brasilprev não foi objeto de nenhuma lei específica ou de autorização legislativa.
A Folha apurou que o segundo escalão do Ministério da Fazenda foi sensibilizado pelo argumento do BB, de que a Brasilprev permitiria que aquela instituição se capitalizasse.
A capitalização (atração de dinheiro) permitiria aumentar as linhas de concessão de crédito preferencial. É o que afirma o BB.
Mas, no plano imediato, a venda de apólices da Brasilprev diminuiria o impacto que o banco sofrerá ao operar com inflação baixa.
Estimativas do BB indicam a possibilidade de atrair até o equivalente a US$ 10 bilhões ao ano.
A Associação Nacional de Previdência Privada e o Sindicato dos Corretores de Seguros e Capitalização no Estado de São Paulo são contra a entrada da Brasilprev no mercado.
Argumentam que, além de atropelar a Constituição, a nova estatal contradiz as leis 5.627/70 e 6.435/77.
Essas duas leis vetam a qualquer órgão ou entidade oficial a criação de empresa seguradora.
Parecer jurídico do próprio BB opinou que a nova subsidiária dependia de aprovação do Legislativo. Trata-se do parecer 5.411, de 17 de agosto de 1992, ao qual a Folha teve acesso.
Ponto de vista idêntico foi defendido pela Susep (Superitendência do Seguro Privado), ligado à Fazenda e que fiscaliza o setor.
A Susep considerou que, sem autorização do Congresso, a criação da Brasilprev seria ilegal. A oposição formal daquele órgão ao projeto do BB foi formalizada a 12 de janeiro deste ano.

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