São Paulo, quarta-feira, 1 de junho de 1994
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Saiba onde aplicar antes do real

DA REPORTAGEM LOCAL

Este é o último mês para se ganhar dinheiro com a ilusão monetária, a indexação financeira que permite dobrar o investimento em dois meses por causa de juros nominais de quase 50%.
A partir do real, em 1º de julho, isso acaba, pelo menos por alguns meses. Praticamente todas as aplicações são boas como despedida.
Na área de aplicações que rendem juros, as recomendações dos especialistas são os fundos de commodities e a poupança.
Em ativos de renda variável, a primeira recomendação são as ações. Em véspera de plano a Bolsa sobe e a Copa do Mundo, por incrível que pareça, também ajuda.
Até o dólar, que ninguém recomenda, pode ser uma boa para quem tem medo de perder dinheiro na virada do plano.
A observação é que o dólar comprado agora deve ser vendido na véspera de 1º de julho.
Entre os analistas, há querm recomende o consumo. Paulo Mallmann, diretor financeiro do BMC, por exemplo, sugere a prateleira do supermercado.
"Quem tem dinheiro em poupança, fundo ou CDB, fique na mesma. Não faça resgates para comprar dólar", diz. "O salário novo, porém, deve ser gasto em compras no supermercado."
Segundo ele, o varejo já anunciou que vai remarcar preços na segunda quinzena do mês.
"Esta é a crônica da morte anunciada", afirma. "O aumento de preço da segunda quinzena não será refletido na URV, portanto nos salários. O negócio é gastar todo o salário em compras."
A especulação em dólar "black" tem curto prazo, de quinze dias, até 1º de julho. Depois disso, é prejuízo na certa.
"Esta alta é sazonal", explica Nathan Blanche, presidente da Anoro (Associação Nacional de Ouro e Câmbio). "Tem férias, Copa do Mundo e plano. Quem persistir no dólar que o faça, mas pague o preço por isso."
As ações são uma recomendação unânime dos especialistas.
"As pesquisas eleitorais devem ficar em banho-maria", espera Álvaro Augusto Vidigal, presidente da Bolsa de Valores de São Paulo.
"Além disso, toda véspera de plano representa alta das Bolsas por representar reserva de valor", acrescenta. "E a cada vitória brasileira na Copa, os preços sobem mais um pouquinho."
Eduardo da Rocha Azevedo, da Corretora Convenção, lembra que também a redução dos juros nominais, em julho, promoverão deslocamento de recursos para Bolsas.
Segundo Rudolph Pfeiffer, diretor do Chase Manhattan, os investidores já começaram a desviar parte do patrimônio para as Bolsas. Ele recomenda uma participação de 30% do investimento em ações.
Os que preferem o conservadorismo da taxa de juros também terão boas oportunidades.
"O ideal é a poupança. Esperamos mais depósitos", afirma Roberto Barreto, vice-presidente do Econômico. "Também os fundos de commodities são atraentes."
Antônio Costa, vice-presidente do Banco SRL, lembra que haverá um degrau entre a variação do câmbio e da taxa de juros do dia-a-dia, no final do mês.
O sistema de liquidação financeira das compras feitas nestes mercados é diferente, o que levará a correção do juro em junho a ter menos dias que a do dólar.

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