São Paulo, quarta-feira, 1 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Supermercados vendem até 8% menos

DA REPORTAGEM LOCAL

Os supermercados paulistas terminaram o mês de maio com queda entre 5% e 8% nas vendas, em média, na comparação com abril.
Os números, ainda estimados, são da Apas (Associação Paulista dos Supermercados). Em abril, o setor tinha faturado 8,6% menos do que em março.
"Achamos que as vendas devem continuar fracas até 1º de julho", afirma Omar Assaf, vice-presidente da Apas. Segundo ele, 80% dos produtos vendidos nos supermercados já estão com preços realinhados.
Os outros 20%, diz Assaf, são fabricados por pequenas e médias empresas que ainda não conseguiram se adaptar à URV.
"Significa que os preços das mercadorias dessas empresas estão até 50% mais altos do que aqueles que elas praticavam de setembro a dezembro do ano passado, na média."
Assaf conta que existe temor entre os donos de supermercados de que a indústria tente alterar os preços já "urvizados".
"Perdemos quase três meses para acertar os preços. Agora eles não podem ser mexidos."
Defasagem
Os preços que os pequenos supermercados pagam à indústria para repor parte das suas mercadorias estão em média 8% mais altos, em cruzeiros reais, do que os cobrados do consumidor.
O Sincovaga, sindicato que representa 35 mil pontos de venda, acaba de fazer uma pesquisa com 500 supermercados –que têm de três a seis caixas registradoras– para avaliar preços.
Detectou que 70% dos itens que comercializam estão realinhados. Significa que supermercadistas e fornecedores se acertaram na hora da conversão dos preços para URV e não há, por enquanto, planos para mexer neles –ou reajustá-los acima da correção do indexador.
Só 30% dos itens que vendem apresentam essa defasagem média de 8%, segundo a pesquisa. "Mas até a entrada do real essa diferença deve cair para 4%, ou seja, os preços deles devem subir 4% ao longo deste mês", afirma Wilson Tanaka, presidente do Sincovaga.
"A defasagem de 4% entre o preço de venda e o de compra é normal. Sacrificamos margens de lucro em alguns produtos, mas recuperamos em outros", diz.
Para ele, poucos produtos registram hoje defasagem mais acentuada de preço na hora da reposição. São eles: biscoito, de 5%; arroz, de 8% e café, entre 18% e 20%. "No caso do detergente em pó é da ordem de 3%", afirma.
Tanaka diz que a rentabilidade dos supermercados vem da venda do "mix" de produtos. "Se todos os preços ficam realinhados acaba a concorrência entre as lojas."
Segundo ele, os pequenos supermercados estão recuperando margens. O lucro líquido sobre o faturamento dos pequenos supermercados é hoje da ordem de 3%, em média. No final de 1993, era de 2%.
Flávio Escobar, diretor de marketing do Cândia, que tem duas lojas, diz que os preços dos produtos foram "acertados" em abril quando foram convertidos para URV.
Etiqueta em URV
Os supermercados paulistas cogitam colocar preços em URV nas etiquetas antes do dia 1º de julho, quando a nova moeda entra em circulação, informou ontem Armando Jorge Peralta, presidente da Associação Paulista dos Supermercados (Apas).
Para isso, a Secretaria da Fazenda terá que autorizar a realização da contabilidade das lojas também no mesmo indexador, à exemplo da permissão já dada pelo governo do Rio Grande do Sul.
O assunto será debatido na próxima reunião da Apas, na sede da entidade, no início da próxima semana.

Texto Anterior: Governo não pretende fixar regras de conversão para planos de saúde
Próximo Texto: Pequenos devem ganhar
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.