São Paulo, quarta-feira, 1 de junho de 1994
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Dupla de atores italianos cozinha risoto em cena

DANIELA ROCHA
DA REDAÇÃO

Peça: Risotto, do grupo italiano Daedalus
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 011/864-8544, Pompéia, zona oeste)
Quando: de hoje a sábado, às 21h, domingo, às 17h
Ingressos: de CR$ 6.000 a CR$ 20 mil

"Risotto" é o espetáculo do grupo italiano Daedalus que estréia hoje à noite, no Sesc Pompéia.
Interpretado pela dupla Amedeo Fago e Fabrizio Beggiato, a peça é sui generis porque se desenrola durante o preparo de um risoto no palco. Ao final, o prato é servido ao público.
Em entrevista à Folha, o ator, autor e diretor da peça, Amedeo Fago, 50, conta, em português, como é espetáculo e fala da sua expectativa de representar no Brasil.

Folha - Como é o espetáculo "Risoto"?
Amedeo Fago - A peça mostra um pouco da história da minha amizade com Fabrizio Beggiato. Fomos colegas de colégio e amigos desde 1955. Apenas nós dois estamos em cena.
O espetáculo tem duração de 45 minutos, tempo necessário para Fabrizio cozinhar um risoto, que no final será servido ao público.
Folha - Vocês relembram em cena histórias que viveram?
Fago - Sim, o teatro que faço é muito pessoal. Na peça, uso a ironia para mostrar o que existe por trás de um relacionamento, até mesmo a violência e o rancor que muitas vezes é latente.
Mas não temos diálogos em cena. O clima da peça é intimo e o final será improvisado, de acordo com a reação que o público apresentar.
Folha - A peça tem recursos audiovisuais?
Fago - Sim, usamos imagens e sons gravados. A peça tem até imagens gravadas em oito mm, feitas na sala de aula de Fabrizio.
Como esta é a primeira vez que apresentamos "Risoto" fora da Europa, resolvemos gravar as falas em português.
Folha - Onde vocês já apresentaram a peça?
Fago - Este espetáculo não é novo. Escrevi em 78 e apresentamos a primeira vez em Roma, no centro cultural "Il Politecnico".
Fiquei surpreso com a receptividade e calor do público suíço –apresentamos "Risoto" para 300 pessoas– e estou curioso para ver a reação do público brasileiro.
Folha - Além de ator, você é autor e diretor do espetáculo. Também é arquiteto e cenógrafo. Como você concilia todas as atividades?
Fago - Sou contra a especialização. Foi por isso que fiz arquitetura e montei o centro cultural "Il Politecnico".
Queria, como os arquitetos italianos do passado, estar próximo a várias áreas e atividades.
Como autor de teatro, comecei em setembro de 1978. Mas tudo o que escrevo tem relação direta com a minha vida, com a minha experiência.
Em "Risotto" eu atuo, mas não sou propriamente um ator. Nem Fabrizio é. Ele é doutor em filologia romana e professor na Universidade de Roma.
Mas entramos em cena para mostrar algumas particularidades da nossa vida.
Folha - Qual a grande diferença entre fazer cinema e teatro?
Fago - O teatro é uma experiência única, que acontece em um tempo real entre atores no palco e o público, a ação é presente.
O cinema faz um corte de tempo entre a história e quando ela será "contada" ao público.
Folha - Você já esteve no Brasil antes?
Fago - Sim, esta é a terceira vez. A primeira foi em 1969, quando vim à Bahia com uma equipe italiana de cinema.
Voltei no ano passado e revi muitos amigos. Gosto muito do Brasil e espero ainda voltar muitas vezes.

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