São Paulo, quarta-feira, 1 de junho de 1994
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Homossexuais fazem festival em Londres

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

O Soho ficou rosa. O bairro no centro de Londres abrigou no último fim-de-semana o festival "Pink Soho", que atraiu centenas de homossexuais para marcar a "conquista" definitiva deste território.
Espremidas entre Chinatown e o comércio de Oxford Street, as ruas estreitas do Soho ganharam a reputação boêmia já na década de 20. Nos anos 80, foram ocupadas por bares e cafés yuppies.
Veio a recessão e depois dela a invasão homossexual e suas "libras rosas", incentivando um lucrativo comércio de roupas, acessórios, cabelereiros, bares, pubs e até uma loja de departamento voltada para a comunidade homossexual.
Há quem veja no festival –que promoveu leilões beneficentes, marchas, festas e um "carnaval" de rua ao final– uma celebração do consumismo gay, mais do que uma plataforma para as velhas bandeiras dos direitos dos homossexuais.
"Uma geração mais jovem cresceu querendo fugir dos problemas da homossexualidade, enfatizando mais o seu lado de moda", diz Bill Short, colunista da revista "Gay Times".
Já Peter Tatchell, do grupo ativista OutRage, apóia eventos como o Pink Soho para tornar os homossexuais mais visíveis, mas lamenta: "É uma pena que ele não possa ser integrado com um pouco de orgulho gay".
O "carnaval" prometido pela organização do festival foi na verdade bem discreto. Centenas de homossexuais se reuniram numa praça do Soho para beber cerveja e assistir desfiles de drag queens e chapéus em formato de pênis.
"Se fosse em Nova York isso aqui seria uma festa. Eles fecham a Quinta Avenida todo ano", diz Steven, um malasiano que veio morar em Londres para fugir do preconceito em seu país.
Homossexuais franceses e italianos também fazem o mesmo trajeto. Discretamente, Londres se tornou a capital gay da Europa. (Sérgio Malbergier)

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