São Paulo, quinta-feira, 2 de junho de 1994
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Exotismo

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

"Collor disse que vai participar da campanha na televisão." Parece que não tem jeito. O fantasma collorido, por maior que seja a revolta, o desprezo da opinião pública, luta para não desaparecer. E não desaparece da televisão, o ambiente em que nasceu e cresceu. Ele vai ocupar, outra vez, este ano, o horário gratuito do PRN.
A informação do TJ Brasil não foi a única a indicar que a campanha pela televisão, este ano, promete. Outra foi o slogan criado para o almirante –que dirigiu a Escola Superior de Guerra– tornado candidato a presidente pelo PSC, mais um micropartido. "Revolução ética e moral", promete um bordão saudoso de 1964.
O modernismo do presidente cassado, a nova revolução dos militares da reserva –e Enéas. O horário eleitoral já promete ser, pelo menos, exótico.
Atores no Senado
O exotismo que começa na eleição presidencial continua, acentuado, na estadual. Em São Paulo, por exemplo, dois dos candidatos ao Senado, em coligações das mais sérias, devem ser o ator Sérgio Mamberti, um veterano das novelas da Globo, e o quase ator João Leite Neto, do novelesco Aqui Agora.
Ambos chamados, não para serem eleitos, mas para arrancar alguns votos dos eleitores desatentos. É Collor que segue fazendo escola na política.
Beque no Senado
Até na seleção brasileira de futebol já tem gente prometendo eleição para o Senado. É o beque Ricardo Rocha, que ontem posou longamente para as câmeras, com a maior calma, ao contrário dos seus colegas. Adiantou que ainda pretende ser candidato a senador. "Eu dependo do apoio de vocês", brincou ele, não sem alguma seriedade, na Bandeirantes.
Cartel
Ontem, finalmente, as escolas privadas foram multadas por formação de cartel, como registraram o Jornal Bandeirantes e o Jornal Nacional.
Ontem, por coincidência, o mesmo Jornal Nacional abriu afirmando que "uma experiência em São Paulo comprova que a iniciativa privada ajuda a melhorar o ensino". A idéia é que, com o envolvimento das empresas ligadas à Câmara Americana de Comércio, uma determinada escola baixou a evasão de alunos em um terço. Nada como a iniciativa privada –é a contramensagem.

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