São Paulo, quinta-feira, 2 de junho de 1994
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Governo vai demitir 50 dirigentes de estatais

MÁRCIA MARQUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cerca de 50 pessoas devem ser demitidas de cargos de confiança das seis estatais que converteram os salários de seus funcionários em URV pelo pico. Apenas a Companhia Docas do Rio de Janeiro continua sendo investigada.
O ministro dos Transportes, Bayma Dennis, disse que o que foi pago a mais já foi descontado da folha de pagamento deste mês.
O ministro afirmou que as investigações consideraram corretas as conversões em 10 estatais.
Bayma Dennis disse que será nomeado um assessor especial do ministro para auxiliar na coordenação e supervisão das estatais. Ele não disse se a medida poderá atingir outros ministérios.
"A Refesa (Rede Ferroviária S/A) foi considerada a responsável pela irregularidade", afirmou o ministro. A decisão de converter os salários pelo pico foi tomada em reunião com o presidente e diretores da Refesa.
Desta reunião, realizada em 22 de março, participaram diretores da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), Agef (Rede Federal de Trens Urbanos) e Trensurb (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre).
Além destas empresas, também apresentaram irregularidades a Franave (Cia de Navegação do São Francisco) e a empresa pública Geipot (Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes).
As estatais que são Sociedade Anônima vão convocar assembléia geral para substituir os funcionários afastados. A convocação deve acontecer em dez dias.
O Geipot, por ser empresa pública, teve os nove diretores responsáveis demitidos e o presidente Itamar Franco já nomeou como novo presidente, Carlos Alberto Wanderley, que era diretor técnico da empresa.
O ministro informou que os demitidos dos cargos de confiança que forem funcionários públicos continuam trabalhando no governo. "Não houve crime, nós consideramos que houve interpretação errônea da lei", justificou.
Bayma Dennis disse que a investigação apurou que não houve dolo. "O dinheiro foi reposto pelas empresas agora em maio e não haverá nenhum prejuízo para o governo", disse.
Segundo o ministro, todos os presidentes das empresas que não apresentaram irregularidade estão reintegrados em suas funções. Também volta à presidência da Refesa Raul Bernardo Nelson de Sena.
Sena estava afastado desde a semana passada, quando Itamar determinou a intervenção em todas as estatais do setor de transportes. Ele era presidente da Refesa desde maio, quando a irregularidade já havia sido cometida.
O ministro das Minas e Energia, Alexis Stepanenko, enviou correspondência ao presidente Itamar informando que as estatais do setor converteram os salários regularmente. Ele afirmou que vai continuar investigando o assunto.

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