São Paulo, quinta-feira, 2 de junho de 1994
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Delegado afirma que é filho de Quércia

MARCELO MENDONÇA
ENVIADO ESPECIAL A MOGI GUAÇU

Rodrigo Otávio, 3, pode não ser o primeiro filho homem do ex-governador Orestes Quércia, 55, candidato do PMDB à Presidência. Orestes Fernando Corssini, 27, delegado de polícia em Mogi Guaçu, na região de Campinas, afirmou à Folha que é filho de Quércia.
Ao saber que a revista "Playboy" publicava uma reportagem sobre Orestes Fernando, Quércia não desmentiu a paternidade (veja texto abaixo).
A mãe, Santa Corsine, mora em Mogi-Mirim (distante 10 quilômetros de Mogi-Guaçu), onde trabalha na Ciretran, setor de trânsito da Polícia Civil.
Registrado só com o nome da mãe, ex-cabeleireira, ele nasceu em maio de 1967, em São Paulo, quando Quércia era deputado estadual.
A Folha conversou com Orestes Fernando em 1990, no apartamento em que mora, em Mogi Mirim, onde ele admitiu ser filho do então governador e disse que o relacionamento da mãe com Quércia não deu certo.
Ele visitava o pai regularmente em Campinas até o final da infância: "A minha mãe me levava, eu pedia presentes –Velotrol, coisas de criança, e ele me mandava".
O ex-governador deixou de procurá-lo, diz Orestes Fernando, quando começou a subir na carreira política, e cortou uma ajuda financeira: "A minha mãe teve que batalhar muito, sozinha".
Ele não votou em Quércia para governador em 1986, e votou em Paulo Maluf e depois em Lula na eleição presidencial de 1989: "Voto nas pessoas, independentemente de partidos".
No último dia 17, Orestes Fernando disse à Folha que não queria dar uma entrevista formal, e só a contragosto deixou-se fotografar. "Estou bem com eles agora", disse, e deu a entender que o ex-governador reatou um contato amistoso, depois de um longo período de afastamento.
Reclamando muito da curiosidade da imprensa, disse preferir levar sua minha vida "de maneira independente". Ele tem o sonho de ser juiz de direito, e está estudando para prestar concurso.
Delegado há três anos, ele coordena hoje a Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes) em Mogi Guaçu. Há um ano, fez uma das maiores apreensões de drogas na região –110 quilos de maconha e 80 gramas de cocaína.
Esteve envolvido na investigação de vários casos de assassinato e da atuação de gangues de rua na cidade, como a "Gangue dos Carecas" e os "Garotos de Rua".
Faixa preta de judô e faixa marrom de jiu-jítsu, Orestes Fernando é solteiro e tem namorada.
Desde o início do curso de direito na PUC de Campinas, ele foi estagiário no escritório de advocacia de Benedito Aprígio Silveira.
O advogado é uma espécie de protetor de Orestes Fernando, que cresceu junto com um filho de Silveira, morto em um acidente de moto nos anos 80.
A Folha tentou ouvir Santa no seu trabalho. Depois que uma funcionária informou que ela estava ocupada no momento, a reportagem se dispôs a esperar na rua.
Em poucos minutos, os repórteres foram abordados pelo delegado seccional de Mogi Guaçu, Alcides Carmona, que acusou os jornalistas de "constrangerem" a funcionária. "Sei o que vocês da imprensa estão querendo, toda eleição é isso", disse, em tom ríspido.
A Folha ponderou que era a primeira vez que procurava Santa, e que em nenhum momento ela deixou claro que não receberia a reportagem. Carmona ameaçou abrir um inquérito sobre a atuação dos jornalistas e outro delegado pediu que deixassem o local.

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