São Paulo, quinta-feira, 2 de junho de 1994
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Estocar alimentos é mau negócio este mês

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar da proximidade da troca de moeda, estocar alimentos ou demais produtos de supermercado não deve ser um bom negócio em junho, segundo especialistas consultados ontem pela Folha.
A queda nas vendas dos supermercados, de 8% em maio na comparação com abril, deve se manter este mês e impedir reajustes significativos.
O realinhamento de preços antes do real, tão falado e criticado, deve atingir uma minoria de produtos de primeira necessidade.
Dificilmente a alta da cesta básica conseguirá superar os rendimentos da caderneta de poupança ou dos fundos de commodities.
Ontem, primeiro dia de junho, a cesta básica do Procon/Dieese teve deflação em URV (-0,36%).
A carne de primeira e segunda pressionaram, com aumentos de 2,68% e 4,46% em um só dia.
"Ainda é cedo para falar, mas eu acredito em preços estáveis em junho", afirma Maria Inês Fornazaro, diretora do Procon.
Segundo ela, não deve haver remarcação "desenfreada".
"Os preços da cesta básica já foram alinhandos em fevereiro, quando tiveram recorde histórico de alta, de 54,01%."
O preço médio da cesta básica reforça sua tese: de setembro a dezembro de 93 era de 72 URVs e hoje está em 96 URVs.
"Com exceção dos produtos em entressafra, como a carne, os preços devem ficar estáveis."
Turibio Silva, diretor do Crefisul, é mais enfático: fazer estoque de produtos básicos "absolutamente não" é bom negócio agora.
Segundo ele, "qualquer caderneta de poupança, que agora terá seus rendimentos elevados se houver alta dos juros dos Certificados de Depósitos Interbancários, será muito melhor aplicação".
Silva diz que se os consumidores partirem para "uma loucura desenfreada" de fazer estoques, daí poderá haver remarcações.
"Com o dinheiro poupado e valorizado, cresce o poder de barganha do consumidor na hora da compra", afirma.
Eduardo Faria, do Banco Dibens, também recomenda a poupança ou o fundo de commodities.
"A experiência mostra que toda véspera de pacote tem um certo tremelique nos preços", diz.
Mas, argumenta, a queda de vendas deve impedir altas maiores. "E o Banco Central, se ver os preços subirem, pode elevar juros e estimular a poupança."

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