São Paulo, quinta-feira, 2 de junho de 1994
Próximo Texto | Índice

Paul Auster ganha releitura em quadrinhos

GABRIEL BASTOS JUNIOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 03/06/94
Diferentemente do que foi publicado, a edição brasileira do livro de Paul Auster intitula-se "Trilogia de Nova York" e não "Histórias de Nova York".


Paul Auster ganha releitura em quadrinhos
Paul Auster e David Mazzucchelli. O encontro destes dois cronistas de Nova York sai em agosto nos Estados Unidos: "Cidade de Vidro" (City of Glass), o livro em quadrinhos.
O romance policial de Auster foi traduzido para os quadrinhos por Mazzucchelli (com colaboração de Paul Karasic). O processo durou quase dois anos. O resultado está em 140 páginas de arte em preto-e-branco.
"Cidade de Vidro" é a primeira parte da trilogia "Histórias de Nova York" (editora Best Seller), em que a cidade serve de cenário para uma releitura do romance policial.
O novo livro de Auster, "Mr Vertigo", já lançado na Inglaterra, chega ao Brasil no segundo semestre pela editora Best Seller.
A versão em quadrinhos de "A Cidade de Vidro" é o primeiro livro de uma coleção da editora Avon Books chamada "Neon Lit", que vai trazer outras adaptações de histórias de mistério para os quadrinhos.
David Mazzucchelli, 33, esteve no Brasil na semana passada para participar da Comicmania –1ª Convenção de HQ do Rio de Janeiro (o evento segue até domingo). De lá, falou à Folha sobre quadrinhos e o trabalho em "Cidade de Vidro".

Folha - O que te atraiu no projeto de "Cidade de Vidro"?
David Mazzucchelli - Li o livro e percebi que não se tratava de um romance tradicional. Era mais como uma história de mistério desconstrutiva. Várias das idéias do livro me eram simpáticas.
Folha - O que há de diferente nesta HQ?
Mazzucchelli - Ela será vendida com um rótulo de "nova ficção", buscando um público que está além das HQs.
Outra diferença é que a história é provavelmente muito mais complexa do que o que normalmente se encontra em quadrinhos.
Folha - Como foi adaptar o texto de Auster para a linguagem dos quadrinhos?
Mazzucchelli - Minha maior preocupação era que quem lesse a HQ tivesse muito da experiência que se tem lendo o livro.
Para isso, precisávamos encontrar imagens metafóricas, que visualizassem as idéias do livro. Tentamos fazer algo visual, diferente de apenas ilustrar o texto.
Folha - Na época dos super-heróis seu estilo era realista. Hoje você busca um traço estilizado, simplificado. Por quê?
Mazzucchelli - Quando as pessoas falam em realismo nos quadrinhos, elas estão pensando em imitação de fotografia.
Estou interessado em um realismo de caneta e tinta. Um realismo do que fica desenhado na página.
Folha - Como isto foi trabalhado em "Cidade de Vidro"?
Mazzucchelli - Eu pensava o tempo todo em como a arte deveria ser para atingir as pessoas que não lêem quadrinhos.
Percebi que transformar os personagens em algo muito próximo de símbolos poderia ter um impacto emocional mais forte.
Folha - Você pretende voltar a trabalhar com adaptações?
Mazzucchelli - Por enquanto, estou interessado em desenvolver meu próprio texto.

Próximo Texto: Quem é David Mazzuchelli
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.