São Paulo, sexta-feira, 3 de junho de 1994 |
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Roteiro revela art déco paulistano
VICTOR AGOSTINHO
Os principais prédios que traduzem o que foi esse movimento estético estão localizados no centro velho da cidade (veja quadro nesta página). O mais suntuoso dos prédios art déco (ou simplesmente decô) da cidade é o edifício sede da Secretaria de Estado dos Negócios de Esporte e Turismo (leia sobre sua restauração nesta página). Mas, na opinião do arquiteto Carlos Lemos, profundo conhecedor da arquitetura paulistana, o edifício que melhor exprime o decô é o que abriga a Biblioteca Mário de Andrade. "É, sem dúvida, o mais interessante pela volumetria, planta, definição de espaços", diz Lemos. O prédio da biblioteca é de 1937. Foi projetado pelo arquiteto Jacques Pilon em sociedade com um descendente do conde Matarazzo, Francisco Matarazzo Neto. Segundo Lemos, o mais antigo dos decô paulistanos, considerado o pioneiro do movimento na cidade, é o edifício Esther, de 1935, que fica na esquina da rua Sete de Abril com avenida Ipiranga. Este prédio foi projetado pelo arquiteto Álvaro Vital Brazil. Lemos afirma que o Esther não tem arquitetura tipicamente decô, "mas toda a sua decoração –portas, elevadores, letras das placas de sinalização etc– introduziu o movimento na cidade". Outro marco do movimento é o edifício Saldanha Marinho, projetado nos anos 30 (não se sabe ao certo o ano) para ser a sede do Automóvel Clube. Coube ao arquiteto Christiano das Neves, o mesmo que desenhou a estação ferroviária Júlio Prestes, projetar o Saldanha Marinho. O edifício deveria seguir um estilo Luís 16 (parecido com o da estação), mas o dinheiro acabou e o Automóvel Clube acabou vendendo o esqueleto do prédio. A "cara" do Saldanha Marinho foi dada pelo "rei" do decô, o arquiteto Elisiário Antônio da Cunha Bahiana, que também desenhou parte do Jockey Club (década de 40), o viaduto do Chá e o prédio do Mappin, outros marcos do estilo. O edifício do Mappin da praça Ramos de Azevedo é um dos últimos decô a ser erguido na cidade. Quanto às obras públicas, São Paulo registra dois importantes viadutos: o do Chá e o da Boa Vista –os dois da década de trinta. O viaduto Boa Vista foi projetado pelo arquiteto Oswaldo Bratke, pai de Carlos Bratke, que assina boa parte dos prédios da avenida Luís Carlos Berrini (zona sul). Fora do centro, o prédio do Instituto Biológico, no Ibirapuera (zona sul), é outro exemplo do art déco de São Paulo. Lembra, de alguns ângulos, uma fortaleza. "A importância do Instituto Biológico para o art déco está nos seus volumes soltos. A maioria dos prédios concentra tudo em um mesmo volume. A Biblioteca Mário de Andrade e o Instituto Biológico se diferenciam e espalham os volumes", afirma Carlos Lemos. Texto Anterior: Teen dribla trânsito de Campos com patins e bike Próximo Texto: Geometria inspirou o estilo Índice |
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