São Paulo, sexta-feira, 3 de junho de 1994
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Inspeção na Coréia não é mais possível

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Erramos: 04/06/94
O presidente sul-coreano Kim Young-sam, visitou Moscou e não o presidente russo, Boris Ieltsin, a Coréia do Sul, como diz a legenda da foto publicada.

Inspeção na Coréia não é mais possível
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU anunciou no final da tarde de ontem que já não tem condições de determinar se a Coréia do Norte produziu plutônio suficiente para fabricar armas atômicas.
Horas antes, o presidente dos EUA, Bill Clinton, disse em Roma que o Conselho de Segurança da ONU teria que adotar sanções comerciais contra a Coréia do Norte caso a AIEA fizesse esse anúncio.
A AIEA suspeita que a Coréia do Norte –que faz parte do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares– tenha produzido plutônio para fabricar bombas atômicas na usina nuclear de Yongbyon.
"É a própria Coréia do Norte quem está forçando essa reação (as sanções), e não os EUA ou qualquer outro país", disse Clinton.
Em Moscow, o presidente russo, Boris Ieltsin, propôs a realização imediata de uma conferência internacional para debater a crise.
A proposta para uma conferência envolvendo os vários países que fazem parte do Conselho de Segurança, além das Coréias do Norte e do Sul, foi levantada antes do anúncio da AIEA.
Ieltsin afirmou em entrevista coletiva junto com o presidente da Coréia do Sul, Kim Young-sam, em visita à Russia, que a recusa norte-coreana de autorizar as inspeções "coloca em risco a Rússia e sua população".
A Coréia do Norte rejeitou no início da semana um pedido da ONU para autorizar inspeções em sua usina e interromper a retirada de material nuclear do reator.
O governo comunista de linha-dura de Pyongyang negou o pedido e acelerou o esvaziamento do reator, destruindo evidências de quanto plutônio teria sido produzido para provável uso em armas atômicas.
A atitude da Coréia do Norte fez a AIEA declarar ontem que, mesmo que faça inspeções nas intalações nucleares norte-coreanas, já não terá condições de averiguar se o plutônio foi extraído ou não.
Em tom de desafio, um porta-voz não identificado do Ministério das Relações Exteriores da Coréia do Norte declarou ontem que a AIEA "neglicenciou seu trabalho" ao não realizar as inspeções em Yongbyon anteirormente.
Técnicos da AIEA visitaram as instalações nucleares na segunda quinzena de maio, mas foram impedidos de obter todas as informações que desejavam.

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