São Paulo, sábado, 4 de junho de 1994
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Quadrilha é presa com mala feita de coca

RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Policiais do Denarc (Departamento Nacional de Investigação sobre Narcóticos) de São Paulo prenderam ontem seis integrantes de uma quadrilha internacional de tráfico de cocaína.
O tráfico era feito para a Europa e África por um sistema até então desconhecido pela polícia paulista: uma mala fabricada com mistura de resina plástica e cocaína.
Foram presos quatro nigerianos e dois brasileiros. A polícia apreendeu –além da mala– 15 kg de cocaína supostamente pura.
Para que a cocaína fosse extraída, após chegar ao seu destino, seria utilizada alguma técnica química –tão desconhecida quanto a que produziu o material da mala.
A mala foi entregue anteontem ao investigador A.H.S. –infiltrado na quadrilha há 15 dias– pelos nigerianos Joseph Ezekwesili, 36, Orner Anyanwe, 26, Stephen Obiora, 34, e Oddy Okeke, 35.
O Denarc pediu para que o nome do investigador não fosse revelado, pois ele participa de outras operações de infiltração no combate ao tráfico de drogas.
Ontem, durante o flagrante, a polícia descobriu que a mala teria sido passada aos nigerianos por Luiz Moreira da Silva, 45, ex-cinegrafista, e Maria de Lourdes de Souza, 38, telefonista.
Eles afirmaram que receberam o produto de um homem (não identificado) no Mato Grosso.
A mala, segundo a polícia, deve ter sido produzida na Bolívia.
Ela pesa 6,2 quilos. Desse peso, policiais calculam que três quilos são cocaína pura –avaliada em torno de US$ 300 mil no Brasil.
Na África do Sul, o valor da droga triplica (leia texto ao lado).
O valor total da apreensão (a mala mais a cocaína pura) chegaria a US$ 1,8 milhão.
Essa quantia seria suficiente para um Estado brasileiro tratar de 105 portadores sintomáticos da Aids durante um ano.
O custo estimado para cada portador que esteja revelando os sintomas da doença é de US$ 17 mil.
Segundo o delegado Marco Paula Santos, 39, é possível que outras malas já tenham sido enviadas para fora do país pela quadrilha.
A operação para prender o grupo começou há cerca de um mês.
O policial conseguiu descobri-la há duas semanas. De acordo com o combinado com os nigerianos, a mala feita com a droga seria levada por ele até Johannesburgo, na África do Sul. (Ricardo Feltrin)

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