São Paulo, domingo, 5 de junho de 1994
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Combates na frente russa foram mais decisivos do que na França

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O desembarque na Normandia tem um papel fundamental na história da Europa Ocidental, mas não foi o fato mais importante na derrota do nazismo. Números das forças envolvidas no confronto deixam isso claro.
Nesse começo de 1944, o Exército alemão tinha 314 divisões, das quais 47 blindadas. Além disso, havia 66 outras divisões de países aliados, como Finlândia, Romênia e Hungria. O número variava de acordo com perdas em combate e mobilizações de novas unidades.
Desse total, 215 divisões estavam na frente russa. Outras 36 estavam nos Bálcãs –lutando, por exemplo, com os guerrilheiros comunistas iugoslavos de Tito. A Escandinávia, um teatro secundário da guerra, absorvia 27 divisões –paradoxalmente mais do que a Itália, onde 25 divisões combatiam forças aliadas.
Oito divisões estavam em trânsito entre as frentes. Na França, tanto no norte, região alvo da Operação Overlord, como no sul, estavam 61 divisões (11 das quais blindadas).
Seja qual for a estatística citada, os soviéticos tinham de enfrentar em média três vezes mais tropas alemãs do que os aliados ocidentais. Isso não impediu, porém, que o desembarque na França causasse perdas graves aos alemães.
Apesar de a URSS ser responsável pela maior parte da guerra em terra contra a Alemanha, a superioridade técnica dos Exércitos anglo-americanos fez com que causassem proporcionalmente mais danos.
Os números foram citados pelo historiador militar inglês John Keegan. No mesmo mês do desembarque, os soviéticos iniciaram uma grande ofensiva, que causou a destruição do grupo de exércitos central dos alemães. Foram 140 divisões soviéticas lançadas em combate, que avançaram mais de 400 km em três semanas, matando ou aprisionando 300 mil alemães.
Na campanha que se seguiu ao desembarque na Normandia, um número bem menor de divisões anglo-americanas, 34, causou perdas de 500 mil homens aos alemães, diz Keegan.
Talvez mais importante do que a perda de soldados foi a de potencial econômico. Durante a ocupação alemã, a economia francesa foi dirigida a satisfazer as necessidades do vencedor.
Indústrias francesas produziam armas para o Exército alemão; a agricultura francesa alimentava boa parte da Alemanha de Hitler. Com a reconquista da França pelos aliados, todo esse potencial produtivo mudou de lado. (RBN)

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