São Paulo, segunda-feira, 6 de junho de 1994
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Igreja terá maior rede de rádio do país

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

As cerca de 170 emissoras de rádio ligadas à igreja católica começarão, a partir de janeiro, a transmitir em conjunto uma parte de suas programações.
Estará entrando no ar o Igreja-Sat, que é um sistema de distribuição de sinais sonoros feito pelo Brasil-Sat (Satélite Brasileiro de Telecomunicações).
O sistema herdou o canal do satélite que era operado pela rádio Aparecida, de Aparecida do Norte (SP).
A decisão de instalar uma rede católica de radiodifusão foi tomada discretamente, em abril, na assembléia geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
No último dia 23, bispos e assessores que formam o Grupo Executivo Igreja-Sat decidiram criar uma fundação para gerenciar o sistema de rádio.
O grupo já iniciou o cadastramento das emissoras e o levantamento da demanda por programas que elas poderão transmitir.
Dois outros itens do cadastro serão as tabelas com o preço da publicidade e os horários em que as emissoras poderão eventualmente unificar seu telejornalismo.
A presidência da Igreja-Sat foi entregue ao padre César Moreira, que também chefia a Unda (onda, em latim), entidade da igreja ligada a questões da mídia eletrônica.
César Moreira diz que o projeto não tem como proposta anteparar a expansão dos evangélicos na mídia (leia texto abaixo).
A parte técnica foi entregue às empresas Oboré e API/Assessoria de Comunicação.
Ambas já produzem programas radiofônicos, como uma série encomendada pela Contag (Confederação dos Trabalhadores na Agricultura).
Transmissão digital
Em termos de padrão, o Igreja-Sat definiu que utilizará o sistema digital codificado.
A codificação permite que apenas as emissoras assinantes do sistema possam captar o sinal por meio de decodificadores.
A digitalização (em oposição ao sinal analógico), abre a oportunidade para que se utilize o menor espaço no canal do satélite.
A retransmissão analógica custaria US$ 11 mil mensais para o uso do satélite. A digital sai por US$ 6 mil.
Não foi escolhida ainda uma sede operacional para o Igreja-Sat. O sistema poderá se instalar em São Paulo ou Aparecida do Norte.
Mas em caso de cobertura de assuntos de interesse religioso ou geral mais específico (visita do papa, catástrofes naturais), bastará deslocar uma parabólica de três metros de diâmetro para lançar o sinal para o satélite.
Também não foi definido o custo e o tipo de equipamento que as emissoras que integrarão a rede precisarão possuir.
Com dimensão comparável, existe hoje apenas a Bandeirantes, que reúne 103 emissoras, 67 a menos que o sistema católico.
Por enquanto, a Unda decidiu criar um núcleo de criação de programas especiais. São programas que, de início, serão distribuídos em fita e pelo correio.
No primeiro deles, d. Luciano Mendes de Almeida, presidente da CNBB, assegurará com dois outros bispos comentários diários com três minutos de duração.

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