São Paulo, segunda-feira, 6 de junho de 1994 |
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Burle Marx é enterrado anteontem no Rio
FERNANDA DA ESCÓSSIA
Enquanto o caixão baixava à sepultura, cerca de 300 pessoas cantaram o Hino Nacional e o hino do Rio, "Cidade Maravilhosa". Burle Marx tinha câncer no abdômen. Os médicos descobriram a doença quando foram operá-lo da vesícula, em fevereiro deste ano. Burle Marx não ficou sabendo que tinha câncer. Os médicos disseram-lhe que sofria de uma doença grave no fígado. Augusto Burle, primo de Burle Marx, foi um dos últimos parentes a ver o paisagista, na noite de sexta-feira. Ele contou que Burle Marx passou o dia trabalhando e pintando em seu ateliê. A única autoridade presente ao enterro foi o vice-prefeito do Rio de Janeiro, Gilberto Ramos. Ele disse que não conseguiu localizar o prefeito César Maia. Não havia autoridades estaduais nem federais. No velório havia uma coroa de flores, enviada pelos funcionários do sítio de Burle Marx. Também não compareceram representantes do IBPC (Instituto Brasileiro de Patrimônio Cultural). O Sítio Roberto Burle Marx, onde ele morava, era ligado ao IBPC. Em 1985, Burle Marx doou a propriedade, com 325 mil metros quadrados, à Fundação Pró-Memória, hoje IBPC. O sítio passou a ser administrado pelo governo federal, como reserva de 3.500 espécies vegetais raras. No enterro, a maior preocupação dos amigos de Burle Marx era com o futuro do sítio. Eles temem que o governo federal não forneça mais as verbas necessárias para a manutenção do projeto. A vice-diretora do Síto Burle Marx, Fátima Gomes, disse que pelo menos metade da despesa anual do sítio -US$ 100 mil- continuava a ser paga pelo paisagista. Augusto Burle contou que, em alguns momento, Burle Marx chegou a se arrepender de ter doado a propriedade ao IBPC, por falta de verbas para a manutenção. Texto Anterior: Setzer retoma o velho swing Próximo Texto: Presidente diz que exemplo fica para o futuro Índice |
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