São Paulo, segunda-feira, 6 de junho de 1994 |
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Yellowman diz que é o rei do "dancehall"
MARCEL PLASSE
Quando: hoje e amanhã, às 21h Onde: Olympia, (r. Clélia, 1517, tel. 011/252-6255, Lapa, zona oeste) Quanto: CR$ 20 mil (pista) CR$ 25 mil (setor C). CR$ 30 mil (camarotes) O cantor e DJ jamaicano Yellowmann volta e se apresenta em São Paulo hoje e amanhã, no palco do Olympia, com abertura da banda paulista Professor Antena. Yellowman, nome artístico de Winston Forter, 38, albino de nascimento e desfigurado por um tumor que lhe custou parte do maxilar e da capacidade vocal, é considerado o "rei do dancehall". Ele deu início ao estilo que consagrou Shabba Ranks, ao acrescentar, no fim dos anos 70, trechos cantados ao reggae tradicional. Até então, o reggae de raiz, ou "roots", era declamado – o estilo vocal é chamado "toast". O primeiro disco saiu em 1981. A conquista do mercado americano aconteceu em 1984 , com o disco "king Yellowman", produzido pelo baixista Bill Laswell, com participação do pioneiro rapper Afrika Bambaataa. O cantor jamaicano caiu nas graças dos rappers norte-americanos. Gravou com Run-DMC e teve trechos de suas músicas sampleadas até pelo " gangsta" Easy-E. Desde que se apresentou no Brasil, em 1991, Yellowman lançou três albúns. O último, "Prior", gravado este ano, é a base do show. Mas o cantor garante que canta todos os hits. "Vou manter a energia de sempre", ele disse à Folha, por telefone, de Kingston, Jamaica. * Folha – Você não se sente esquecido, depois que Shabba Ranks e Mad Cobra transformaram o dancehall em sucesso internacional? Yellowman – Não, porque fui eu quem começou tudo. Não é à toa que sou chamado de "King Yellowman". Eu sou o rei do dancehall, assim como Bob Marley era o rei do reggae. Folha – Você considera Shabba Ranks seu herdeiro? Yellowman – Sim, ele mesmo diz isso. Eu sou ídolo dele, a pessoa que começou tudo. Folha – O sul-africano Lucky Dube, representante da nova geração do reggae, diz que o dancehall está com os dias contados. Você concorda? Yellowman – Não. O estilo "roots" ainda existe, mas o dancehall continua dominando. Folha – A imagem esquerdista do reggae foi arranhada por artista do dancehall que têm atacado o homossexualismo. Qual sua posição nessa controvérsia? Yellowman – Minha posição: estou aqui para divertir o povo – não importa se ele é gay, negro, branco ou chinês. Não discrimino. Meu trabalho é unir as pessoas. Folha – Por que o reggae perdeu o tom politizado? Yellowman – Acho que foi por causa de certas coisas que estão acontecendo na Jamaica, como crimes e assassinatos. Sempre que você fala algo sobre política, eles estão preparados para feri-lo. Folha – A maconha ainda tem papel importante na música jamaicana? Yellowman – Sim "ganja" não é brincadeira. É um remédio. Texto Anterior: Livro discute modernismo e patrimônio Próximo Texto: Murdoch já ameaça grandes redes dos EUA Índice |
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