São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PT quer criar emprego com privatizações

AMÉRICO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT promete criar pelo menos 8 milhões de empregos durante um eventual governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Para realizar esta meta, o programa petista quer ampliar o nível de investimentos na economia brasileira dos 16% atuais para 25%.
Esta foi a taxa de investimento dos períodos em que a economia brasileira esteva em crescimento acelerado. Parte dos recursos aplicados terá origem na privatização de empresas estatais não estratégicas e no uso de fundos, como os de pensão e o FGTS, e na taxação de fortunas.
O partido apresentou ontem, através de uma rede executiva de TV da Embratel, o detalhamento de seu projeto contra o desemprego. O tema é uma das prioridades do programa de governo de Lula.
O projeto depende de várias alterações na legislação vigente, inclusive na Constituição. Isso pode comprometer o programa, já que dificilmente o PT vai conseguir maioria na próxima legislatura do Congresso.
Segundo o deputado federal Aloízio Mercadante (PT-SP), um dos coordenadores do programa econômico, a idéia é que a maior parte das verbas seja investida pela iniciativa privada.
Para viabilizar esses investimentos privados, o projeto prevê a ampliação da oferta de crédito para investimentos, a redução das taxas de juros, o alongamento negociado dos contratos de crédito concedidos pelos bancos e o fim da "ciranda financeira".
Os recursos para esses investimentos seriam obtidos através de uma reforma tributária, da criação de novos fundos e da reformulação dos fundos já existentes.
Entre outras coisas, a reforma tributária transferiria os encargos previdenciários para o faturamento das empresas, para favorecer os setores que mais empregam mão-de-obra.
Dois novos fundos seriam criados. O Fundo para a Reestruturação Produtiva teria uma administração e custeio tripartite –governo, empresas e trabalhadores. Mas o partido não explica como os recursos seriam arrecadados.
O Fundo Nacional de Solidariedade seria composto pela tributação de grandes fortunas, por recursos obtidos na privatização de estatais consideradas não-estratégicas pelos petistas e com uma parcela de recursos orçamentários.
Novamente, o partido não explica de onde esses recursos orçamentários seriam desviados.
A proposta de criação desse fundo mostra um recuo do partido com relação às privatizações. Antes, o PT afirmava que iria rever o programa de privatização.
César Benjamin, um dos coordenadores do programa petista, chegou a chamar as atuais privatizações de "processo criminoso".
O governo também investiria em setores que poderiam criar muitos empregos, como saneamento básico, saúde, construção de estradas, educação e turismo.
O partido acredita ainda que a reforma agrária e o aumento do salário mínimo –para US$ 115, "numa primeira fase"– ajudariam a criar empregos. Os petistas propõe uma modernização do Ministério do Trabalho e a criação de um Banco de Empregos.

Texto Anterior: Militares até redigem projeto de lei para aumento de seus salários
Próximo Texto: "Votos não têm cor ideológica", diz Lula
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.