São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mortalidade infantil cresce 28,9% no NE, diz Pastoral

GILBERTO DIMENSTEIN
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Pastoral da Criança, da Igreja Católica, registrou crescimento de 25% a 30% na taxa de mortalidade de crianças de zero a um ano, na região Nordeste, nos três primeiros meses do ano, em comparação com igual período do ano anterior.
Em todo o país, o crescimento é de quase 15%. O levantamento abrange 2.068 municípios (39% do total) de todos os Estados brasileiros. Foram acompanhadas 1,9 milhão de crianças.
A taxa oficial é de 54 por mil (1992).
Com base nos resultados do primeiro trimestre, a Pastoral prevê que a média nacional vá pular de 28 por mil para 33 por mil (aumento de 17,8%) este ano. E no Nordeste, de 38 por mil para 49 por mil (28,9%).
A pesquisa é um indicador precioso da evolução da crise social brasileira. Há um acompanhamento diário de cada família, levantando-se o registro de cada morte, comunicada por uma agente comunitária em contato com as mães.
Causas
Os médicos da Pastoral ainda estão avaliando as causas desse aumento. Apontam-se o terceiro ano consecutivo de seca, o cólera, a desnutrição provocada pelo aumento do desemprego e, em especial, a crise do sistema de atendimento público de saúde.
Chegaram informações ao Unicef de que, por problemas técnicos e de organização, houve uma redução da quantidade de crianças atingidas pela vacinação.
O relatório será levado ao Conselho de Segurança Alimentar (Consea), ligado à Presidência da República, ainda este mês. Uma cópia está sendo enviada diretamente para o presidente Itamar Franco.
Cinco anos
Também houve aumento da taxa de mortalidade entre crianças de 1 a 6 anos. No ano passado, a taxa foi de 3,1 mortes por mil no Nordeste. O dado projetado para este ano, com base no primeiro trimestre, é de 4,5 mortes por mil.
A Pastoral da Criança é comandada pela médica Zilda Arns, responsável pelo Departamento Materno-Infantil do Ministério da Saúde.
A entidade foi criada há dez anos para tentar reduzir a mortalidade infantil no Brasil, através, principalmente, da educação das mães de famílias mais carentes.
É considerada pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) como um dos exemplos mundiais de saúde pública.

Texto Anterior: Limite de tempo; Tudo pelo voto; Missão silenciosa; Dissidência explícita; Partido desunido; No tapetão; Visita à Folha; TIROTEIO
Próximo Texto: Inocêncio ameaça convocar ausentes pela TV
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.