São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 1994 |
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Pastoral registra aumento 'alarmante' na mortalidade
GILBERTO DIMENSTEIN
No Nordeste, o crescimento se situa entre 25% e 30%. O levantamento abrange 2.068 municípios (39% do total) de todos os Estados brasileiros. Foram acompanhadas 1,9 milhão de crianças. O responsável pelo setor de informações da Pastoral, Nelson Arns Neumann, disse que a pesquisa funciona como "sentinela". Ele considera os dados alarmantes, por dois motivos: a reversão da tendência de queda na mortalidade, que vinha ocorrendo desde 89, e o fato de a pesquisa só englobar crianças acompanhadas pela Pastoral, que em geral têm melhor assistência que a maior parte das crianças pobres. Em 89, de cada 1.000 crianças acompanhadas pela Pastoral, 53 morreram antes de completar 1 ano. Em 93, a taxa apurada pela Pastoral foi de 28 por mil. A taxa oficial do país é de 54 mortes por mil (1992). Com base nos resultados do primeiro trimestre, a Pastoral prevê que a média nacional vá pular de 28 mortes por mil (93) para 33 por mil este ano, um aumento de 17,8%. E no Nordeste, de 38 por mil para 49 por mil (28,9%). A Pastoral faz um acompanhamento diário de cada família. O registro das mortes é feito por agentes comunitários. Causas Os médicos da Pastoral ainda estão avaliando as causas desse aumento. São citadas como causas prováveis o terceiro ano consecutivo de seca no Nordeste, o cólera, a desnutrição provocada pelo aumento do desemprego e, em especial, a crise do sistema de atendimento público de saúde. Chegaram informações ao Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) de que, por problemas técnicos e de organização, houve uma redução da quantidade de crianças vacinadas. O relatório será levado este mês ao Conselho de Segurança Alimentar (Consea), ligado à Presidência da República. Uma cópia está sendo enviada diretamente ao presidente Itamar Franco. Pastoral A Pastoral da Criança é comandada pela médica Zilda Arns, responsável pelo Departamento Materno-Infantil do Ministério da Saúde. A entidade foi criada há dez anos para tentar reduzir a mortalidade infantil no Brasil, através, principalmente, da educação das mães de famílias mais carentes. É considerada pelo Unicef como um dos exemplos mundiais de saúde pública. Texto Anterior: Processo contra Vasp desaparece no Rio Próximo Texto: CPI recebe lista que envolveria 25 policiais Índice |
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