São Paulo, sábado, 11 de junho de 1994
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Tributo a Burle Marx

ÉDIS MILARÉ

O imortal poeta indiano Rabindranath Tagore disse um dia que a mais nobre e heróica aventura romântica da humanidade tem sido o seu namoro com a Terra, razão pela qual a celebração da Semana do Meio Ambiente deste ano irá culminar amanhã, a partir das 10h, no Jardim Botânico, em pleno Dia dos Namorados, para que todos possamos declarar nosso amor à natureza.
Dedicamos esta semana ao grande brasileiro de São Paulo que a nação perdeu à véspera do Dia Mundial de Meio Ambiente. Dez anos mais novo do que o século 20, Roberto Burle Marx soube revolucionar este último através do engenho, arte e coragem a serviço da melhoria do meio ambiente humano.
Para nós, paulistas, ele não apenas criou o cartão postal que é o parque do Ibirapuera, como, sobretudo, militou de corpo e alma contra a devastação da Mata Atlântica, eriçando-se contra governos militares quando se tratava de protestar contra a desastrosa Rio-Santos.
Foram quase 65 anos de bom combate e muitas de suas 2.000 obras ainda dependem da conclusão de empreendimentos –como a despoluição do Tietê para poder ser implantado o projeto de recomposição vegetal das marginais, que ele elaborou na década de 70.
Mas os seus sonhos, com certeza, já estão sendo materializados em grande parte com o lançamento do Inventário Florestal do Estado, que detém a maior extensão contínua de Mata Atlântica do país, ocorrido no último domingo, no Museu da Casa Brasileira.
Este Inventário do Instituto Florestal de São Paulo traz um dado que causa apreensão a todos que vêem nas florestas plantadas uma arma contra a pressão sobre as matas nativas: os baixos níveis atuais do plantio de pinus.
Incrementar o reflorestamento, que hoje ocupa 3,3% da superfície estadual, é um imperativo que vimos obedecendo na Secretaria do Meio Ambiente. Não apenas para gerar divisas e empregos, mas, principalmente, para aliviarmos a pressão sobre os 13,4% de área territorial ainda recoberta por vegetação nativa.
Assim procedendo, o governo Fleury também homenageia, à altura, este solteirão paulistano-carioca que fez da natureza brasileira sua única e maior paixão. Como enamorados do mesmo amor, nosso tributo a Burle Marx é continuar zelando pelo ente amado em comum.

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