São Paulo, domingo, 12 de junho de 1994
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Quércia e Lula disputam voto evangélico

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os candidatos Orestes Quércia (PMDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são os presidenciáveis que deram os passos mais concretos para tentar conquistar o voto dos evangélicos.
Quércia escolheu a evangélica Iris de Araújo Machado para sua candidata a vice. A campanha petista já tem um comitê evangélico nacional, cujo objetivo é criar comitês evangélicos de apoio a Lula em todas as capitais.
O candidato do PT afirma que não quer repetir o erro de 89, quando perdeu a maioria dos votos dos evangélicos para Collor.
Com um contingente de 25 milhões de pessoas, dos quais 13 milhões de eleitores, os evangélicos estão entre as prioridades de todos os presidenciáveis.
"Tenho identificado uma ausência de ação nessa área. O Fernando Henrique tem que urgentemente dar atenção aos evangélicos", afirma o deputado presbiteriano Lézio Sathler, o único evangélico do PSDB no Congresso.
FHC conta com o apoio do deputado da Assembléia de Deus Salatiel Carvalho (PP-PE), coordenador da campanha de Fernando Collor entre os evangélicos em 89.
Mas não é um apoio entusiasmado. "Vou pedir votos para FHC por uma questão partidária", diz.
O candidato do PDT, Leonel Brizola, tem aceitação em segmentos da comunidade evangélica principalmente no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.
Esperidião Amin, do PPR, já iniciou encontros com evangélicos e pretende intensificá-los.
A tentativa de Lula de se aproximar dos evangélicos é anterior à campanha. "Há dois anos tenho me renido quase todos os meses com Lula para orar e ler a Bíblia", diz o pastor presbiteriano Caio Fábio, presidente da AEVB (Associação Evangélica Brasileira).
Em 89, correram fortes boatos de que Lula fecharia as igrejas evangélicas caso ganhasse as eleições. Na igreja Universal do Reino de Deus, o candidato petista chegou a ser comparado ao demônio.
Lideranças evangélicas avaliam que Lula conseguiu amenizar a resistência a seu nome, mas não a ponto de ter a maioria dos votos.
"Os ideólogos do PT têm uma visão materialista, oposta à nossa", observa Silva Malafaia, pastor da Assembléia de Deus.
Salatiel Carvalho também se opõe ao petista: "Pedirei votos para qualquer candidato que dispute com Lula no segundo turno."
A maioria das lideranças evangélicas acredita que a escolha de Iris de Araújo para vice de Quércia pode influenciar os evangélicos.
"Deverá haver uma tendênca maior de voto já que há uma irmã de fé na chapa", diz Iris. Para ela, evangélico atrai o voto de evangélico: "Temos que ocupar espaços para mudar um pouco a mentalidade matelialista que há no mundo."

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