São Paulo, domingo, 12 de junho de 1994
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Esquema criou até falsa agência

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma falsa agência de notícia, chamada "Brasil", cuidou de distribuir para rádios e jornais do interior do país informações favoráveis a Collor.
Esta era um das partes importantes da chamada "campanha de irradiação", montada por Egberto Baptista para espalhar (ou vender, como ele prefere), a imagem positiva do candidato do PRN.
A partir de São Paulo, as notícias eram distribuídas, gratuitamente, como parte de um boletim de uma agência convencional.
O truque era fazer chegar as informações a rádios e jornais como se não tivessem a menor ligação com a campanha. "O segredo estava nisso", diz Egberto.
Isso, no entanto, era apenas uma das engrenagens do projeto de "irradiação" (ver quadro nesta página). Outras duas pontas completavam o esquema. Uma delas dedicava-se à chamada sociedade civil organizada (políticos, partidos, clubes, associações etc).
O objetivo era formar uma espécie de corrente que abarcava do Estado ao bairro, para divulgar as proposta de governo de Collor.
A corrente podia atingir 16 níveis, envolvendo de um político famoso até o mais desconhecido cabo eleitoral.
Exemplo: uma proposta de governo é divulgada pelo comitê estadual, chega ao comitê dos municípios, passa pela Câmara de Vereadores, é discutida no Lions e Rotary Club, chega aos professores da cidade etc.
Para essa operação, Egberto contava com um cadastro com nomes e endereços das pessoas que pudessem colaborar com a irradiação do projeto Collor.
A distribuição de material de propaganda, como cartazes e panfletos, completava o esquema.
Para realizar esse trabalho com agilidade, Egberto fez um mapeamento de todas as gráficas do país, empresas transportadoras, e até condições das estradas.
Era possível saber, por exemplo, com quanto tempo poderia imprimir e fazer chegar a Boqueirão da Esperança, no Acre, cartazes de Collor. (Xico Sá)

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