São Paulo, domingo, 12 de junho de 1994
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250 presos se rebelam e destroem 24 celas

DA FT

Cerca de 250 presos do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), no Carandiru (zona norte de São Paulo), se rebelaram ontem durante 4 horas.
O motim começou às 8h55 e terminou por volta das 13h.
Os presidiários tomaram dois carcereiros como reféns e destruíram 24 celas.
Trezentos policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e do GER (Grupo Especial de Resgate) cercaram o prédio do Deic, na avenida Zaki Narchi, atrás do Shopping Center Norte.
O trânsito foi interditado e a avenida Cruzeiro do Sul ficou congestionada durante toda a manhã.
Os presos exigiam a transferência para a Casa de Detenção e para prisões agrícolas.
Eles reclamavam de falta de infraestrutura da carceragem do Deic. Afirmavam que são proibidos de receber visitas íntimas.
Segundo a políca, os presos estavam armados com um revólver, estiletes e facas.
Até as 13h, segundo a polícia, não havia nenhum ferido.
Uma comissão de presos negociava o fim da rebelião com a juiza corregedora, Kenari Boujkian Felippe, com o delegado Manasses Rodrigues Carvalho e com Marco Antonio Martins dos Santos, assessor do secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Odyr Porto.
A comissão foi formada pelos presos Fernando Rodrigues Martins, Luciano Machado Botareli, Mario Sergio Nunes, Ricardo Marti Soto e Marcelo Azevedo de Siqueira.
O preso Siqueira é apontado pela polícia como líder da rebelião.
Segundo uma equipe do SBT, que teve acesso à carceragem, os presos destruíram as portas e grades das 24 celas do Deic.
Um policial disse que viu um dos reféns sendo ameaçado com estilete no pescoço.
Segundo a polícia, há 20 dias houve barulho em uma cela, que foi revistada. A polícia encontrou vários estiletes.
Os reféns são Reinaldo Alves Gomes Neto, que está para se aposentar, e Claudio das Neves, que foram libertados às 13h. As reivindicações dos presos foram atendidas.
Neves disse que sentiu medo de morrer quando ouviu policiais atirando. Os tiros, para o alto, foram para alertar os policiais, segundo o delegado Antonio Toledo.
Até o final da tarde, 170 presos foram transferidos para quatro prisões estaduais.

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