São Paulo, domingo, 12 de junho de 1994
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'Romário' sueco acha o Brasil favorito

DO ENVIADO ESPECIAL A LOS GATOS

Cansado de uma viagem de 15 horas, de Estocolmo para San Diego, o atacante sueco Tomas Brolin não se esforçou no primeiro treino da equipe nos EUA.
O time no qual jogou perdeu de 3 a 1 para os reservas. Isso foi na quinta-feira, dia 9. Antes de treinar, o sueco falou com exclusividade à Folha no jardim do hotel Sheraton, em San Diego.
"Se nós estivermos em um bom dia, podemos vencer o Brasil", disse Brolin. Aos 24 anos, ele é na Suécia mais ou menos o que Romário é no Brasil. Inclusive no que se refere ao comportamento.
Embora os suecos sejam liberais sobre a concentração, Brolin quebrou uma regra tácita que manda evitar os excessos. Suas saídas noturnas irritaram o técnico Tommy Svensson. O atacante correu o risco de não ser convovado.
Hoje, isso é passado. "Tudo sempre esteve bem", disfarça o jogador. No domingo passado, Brolin fez os dois gols da Suécia na vitória por 2 a 0 sobre a Noruega.
No próximo dia 27, Brolin (pronuncia-se "Bro-lín") será o responsável pelas cobranças de falta contra o gol brasileiro. Com o pé direito, faz isso com perfeição.
A seguir, os principais trechos da entrevista que concedeu à Folha, vestindo o uniforme de treino sueco e um chinelo de plástico.

Folha – Quais são as seleções favoritas nesta Copa do Mundo?
Brolin – Alemanha e Brasil. Não necessariamente nessa ordem. Mas todos os times que conseguirem se classificar têm chances.
Folha – No grupo da Suécia, quais são as suas previsões?
Brolin – É difícil. Sobre os Camarões eu não sei nada. Espero que o técnico nos fale algo.
Sobre os russos, eu conheço alguns que jogam em times europeus. Mas não sei como joga a seleção deles. Em boas condições físicas, vão formar um time forte, porque são bons jogadores.
Folha – E sobre a seleção brasileira. Qual é a sua opinião?
Brolin – Eu sei que é um bom time. Tem o meu amigo Taffarel. Eu joguei com ele por três anos no Parma. Eu o conheço muito bem. E eu também vejo jogos pela TV. Eles jogam um futebol muito bom, mas se nós estivermos em um bom dia, podemos vencer também.
Folha – Qual é a sua previsão para os classificados no grupo?
Brolin – Espero que a gente possa ganhar o primeiro lugar no grupo. E que o Brasil deva vir em segundo. Na verdade, não importa para mim quem vem em segundo ou terceiro. O importante é que a gente esteja entre os times que passarão para a próxima fase.
Folha – Qual será o jogo mais difícil na primeira fase?
Brolin – No papel, é o Brasil. Mas nunca se sabe. Na hora do jogo, depende da concentração dos jogadores.
Folha – Qual é a característica mais perigosa dos brasileiros?
Brolin – É que eles são técnicos e muito bons individualmente.
Folha – Há algum jogador em particular que mereça atenção dos suecos?
Brolin – Romário é um jogador muito bom... Quando está em um bom dia. Mas a gente sabe que ele tem os seus dias ruins também. E eu espero que esteja em um mal dia quando jogar contra nós.
Folha – Suas relações com o técnico estão boas no momento?
Brolin – Tudo sempre esteve bem. Os jornais publicam o que querem. Nunca tive um problema com o técnico.
Folha – Como é o regime disciplinar da delegação sueca?
Brolin – Nós somos livres. Podemos fazer qualquer coisa. Mas sabemos quais são as nossas responsabilidades. Nossa mentalidade é profissional.

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