São Paulo, domingo, 12 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mazinho passa a ser o 12º titular da seleção

MÁRIO MAGALHÃES; FERNANDO RODRIGUES
DO ENVIADO ESPECIAL A LOS GATOS

Iomar do Nascimento, 28, o Mazinho do Palmeiras, é o mais novo titular da seleção, embora Parreira não abra mão de começar a Copa com o time que acabou as eliminatórias.
Por mais estranho que pareça um 12º titular num time de 11 (ou um titular sentado no banco), é isso que passou a acontecer depois que Mazinho, substituindo Raí, teve ótimo desempenho no treino de sexta-feira.
Sua missão não será apenas a de revezar com Raí nos jogos da Copa: o técnico conta com ele para entrar no lugar de Dunga ou Mauro Silva, ou ainda em qualquer das laterais, caso seja necessário.
Mazinho é, para Parreira, mais do que um reserva de luxo, um curinga com status de titular.
"Confesso que, no ano passado, quando não fui chamado para as eliminatórias, pensei que minha carreira na seleção tinha acabado."
A volta por cima começou a acontecer quando, depois de trocar a lateral pelo meio-campo, suas atuações ajudaram o Palmeiras a ganhar os títulos paulistas e brasileiro.
Reserva de Sebastião Lazaroni na Copa passada, Mazinho guarda tristes lembranças daquela experiência: "Tínhamos um bom time, mas o individualismo de alguns mandou tudo por água abaixo".
Prefere não citar os nomes dos "alguns" que puseram tudo a perder, mas afirma que, hoje, a situação é diferente: "Estamos, realmente, muito unidos. Não há briga por posição entre nós. Se ganhei o lugar de Raí? Qual o quê. Esse é um problema do Parreira e é bom que tenha suas dúvidas. Certezas não levam a nada".
Dois anos e meio no futebol italiano, primeiro no Lecce e depois na Fiorentina, deram a Mazinho, depois da última Copa, uma tarimba internacional que ele considera muito valiosa.
No Lecce, sul da Itália, conseguiu projetar-se mais do que o time em que jogava.
Na Fiorentina, uma contusão no joelho o prejudicou muito.
Mas foi mesmo no Palmeiras que ele "renasceu" para a seleção brasileira.
Depois de um início inseguro na lateral-direita, Mazinho encontrou seu verdadeiro futebol jogando no meio-campo com César Sampaio. "Somos João e Maria", brincou.
"Soube que ia entrar no time titular quando ainda estávamos no aquecimento, antes do treino", conta Mazinho.
"Agora, tenho a garantia do professor de que pelo menos contra El Salvador eu entro de saída. Claro, isso não faz de mim o titular, mas certamente me deixa bem mais perto."
Mazinho não se nega a falar das diferenças que o separam de Raí: "Ele é mais de chegada, ótimo na finalização, enquanto eu sou mais de marcação e apoio. Raí tem tudo para ser titular, enquanto eu estou trabalhando para chegar lá".
Casado com Valéria, pai de Thiago, 3, e Rafael, 1, Mazinho acredita viver o melhor momento de sua vida.
Por ora, só pensa na seleção e na Copa, daí não se preocupar muito com seu futuro no futebol.
Mas promete que, se depender dele, continuará no Palmeiras, morando em Perdizes e criando os filhos em São Paulo. Se possível, como campeão do mundo.

Texto Anterior: Última chance de mudar
Próximo Texto: 'Não preciso correr tanto', diz Branco
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.