São Paulo, domingo, 12 de junho de 1994
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"Vozes" lança dossiê "Cidade das Letras"

DA REDAÇÃO

Uma das publicações culturais mais antigas do mercado editorial brasileiro ganha um novo número esta semana. Cumprindo uma rotina que se repete desde 1907, a revista "Cultura Vozes" chega ao terceiro número deste ano, trazendo o tema "Cidade das Letras" e mantendo sua periodicidade bimestral.
Feita pela editora Vozes, originária de Petrópolis (RJ), a revista procura diversificar sua linha editorial, com seções sobre ciências humanas e artes.
O número de março-abril, que circula com 104 páginas e preço de 4,36 URVs, tem ensaios do antropólogo italiano Massimo Canevacci e do sociólogo da USP Octavio Ianni.
Na edição maio-junho, haverá textos de Renato Mezan ("Psicanálise e Neurociência: Uma Questão Mal Colocada") e da filósofa da USP Olgária Mattos ("Rousseau, a Festa e a Política").
No campo da criação artística, este número trará ainda fragmentos do caderno em que o artista plástico Hélio Oiticica rascunhava suas idéias, além de um ensaio de Juan Esteves, repórter fotográfico da Folha, sobre Gilberto Gil.
A "Cultura Vozes" passou em 1990 por um processo de renovação gráfica que coincidiu com a mudança de sua redação para São Paulo (r. Luís Coelho, 295, CEP 01309-902, tel. 011 258-6910).
O resultado foi o atual projeto de capa, de autoria do artista Hercules Barsotti, que tem variações cromáticas sobre um desenho geométrico fixo.
Segundo o secretário de redação Fernando Nasser, que fez o curso de filosofia do Mosteiro de São Bento (primeiro assinante da revista e único local que tem sua coleção completa), os criadores da "Cultura Vozes" –e da própria editora– são os frades menores da Ordem Franciscana.
A revista nasceu numa região de imigração alemã do Estado do Rio, pelas mãos do frade Inácio Hinte, que se inspirou no jornal germânico "Stimmer der Zeit" (Vozes do Tempo) para criar a "Vozes de Petrópolis" (primeiro nome da publicação).
Com o tempo, a Tipografia da Escola Gratuita São José, que era propriedade dos frades e imprimia suas páginas, foi sendo conhecida como "a editora da Vozes", acabando por assumir esse nome.
Apesar dos laços umbilicais com os franciscanos, Nasser diz que o único ponto de coincidência ideológica da "Cultura Vozes" com a Igreja é "a defesa de um humanismo que aposta no ressurgimento das utopias".

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