São Paulo, domingo, 12 de junho de 1994
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Colombianos decidem ritmo da modernização

OSCAR PILAGALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Colômbia decide no próximo domingo se breca ou acelera o programa de modernização que mudou a cara da economia do país nos últimos quatro anos.
Com os traficantes no momento fora de cena, questões econômicas ganharam espaço nos debates que precedem o segundo turno da eleição presidencial, dia 19.
Não há grande diferença ideológica entre o conservador Andrés Pastrana e o liberal Ernesto Samper, do mesmo partido do presidente Cesar Gaviria. Há nuances.
Pastrana é o candidato das elites nacionais e do capital estrangeiro. Defende a redução do papel do Estado e um ritmo mais rápido das privatizações.
Samper não reverteria o processo de abertura econômica que ainda rende popularidade a um governo em fim de mandato. Mas certamente tentaria tornar mais lento seu andamento.
Ao contrário de seu adversário, Samper não aposta todas as fichas no papel regulador das forças do mercado e, pelo menos em campanha, se mostra preocupado com problemas sociais.
A similaridade dos discursos talvez tenha desinteressado os cerca de 17 milhões de eleitores, apesar dos debates televisivos, um fato inédito na história eleitoral do país. Prevê-se que a abstenção seja extremamente alta.
No primeiro turno, em fins de maio, Pastrana levou ligeira vantagem, sem conseguir a maioria de 51%. A pequena diferença não permite previsões seguras sobre quem será o próximo presidente.
A preocupação com a inflação –que no mês passado foi de 1,5%, acumulando 23,8% em doze meses– é mais reveladora do perfil dos candidatos.
Samper não está preocupado, e diz isso com todas as letras. Acha que um programa antiinflacionário seria incompatível com a criação de 1,5 milhão de empregos, que é o que se propõe a fazer.
Mais do que conter a inflação, ele quer dobrar a participação dos gastos sociais no orçamento para 15% do PIB (Produto Interno Bruto, ou seja, toda a riqueza que um país gera por ano).
Para tanto, Samper contaria com o apoio de um Congresso eleito recentemente onde o Partido Liberal tem a maioria.
Pastrana, representante do pensamento ortodoxo, tem horror aos dois dígitos inflacionários. Gostaria de cortar a taxa anual para 8% até o fim do mandato.
Tem dito que atingiria essa meta reduzindo os mecanismos de indexação e aumentando a eficiência da economia.
Ele também elevaria os gastos sociais. Mas com mais comedimento. Dos atuais 8% do PIB, passaria a 10% em 96 e chegaria a 12% dois anos mais tarde.
Enquanto a eleição não vem, o programa de privatização continua a todo o vapor. Na terça-feira, completa-se uma importante etapa do leilão do Banco Popular, o quinto maior do país.
Nesse dia, encerra-se o prazo para os fundos de funcionários e cooperativas apresentarem suas propostas para a compra de ações.
O restante delas será em seguida arrematado por investidores, nacionais e estrangeiros, em leilão na Bolsa de Valores de Bogotá.
O Banco Popular é a terceira instituição financeira a ser privatiza este ano. Avaliado inicialmente em US$ 356 milhões, é o maior banco na lista dos privatizáveis.

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