São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 1994 |
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Periferia
NELSON DE SÁ
Tamanho horror foi manchete no Jornal de Domingo, da Bandeirantes, e no Jornal da Cultura. No primeiro: "Domingo sangrento em São Paulo. Dezoito pessoas morrem em duas chacinas." No segundo: "Violência na madrugada em São Paulo. Doze pessoas foram mortas dentro de casa. Só um bebê de sete meses escapou da chacina." Ainda na Cultura, veio a confirmação de que se trata, no caso dessa última, com doze mortos em Taboão da Serra, da "maior chacina que já aconteceu na Grande São Paulo".~ Um recorde que veio coberto de expressões de espanto e descrições assustadas, nas duas emissoras paulistas. "Um crime bárbaro", "uma tragédia", na Cultura. "Estavam todas elas (as vítimas) deitadas, de costas e com tiros na cabeça", na Bandeirantes. Até o delegado, em Taboão da Serra, parecia não acreditar. "Trabalho há 25 anos e nunca vi isso", disse ele, na Bandeirantes. "Estou perplexo." E tem gente que segue acreditando que essas coisas só acontecem no Rio. O Rio é aqui. É o rap Por coincidência, ontem foi o dia em que o Domingo 10, de Marília Gabriela, na Bandeirantes, concentrou-se na reportagem sobre "um novo fenômeno que rompe as fronteiras da periferia" de São Paulo. É uma "poesia ritmada e furiosa", da "marginalidade". "É o rap." Aquele, dos Racionais MCs, do Pavilhão 9, que avisavam do horror da periferia de São Paulo muito antes das duas chacinas de ontem. Era só ligar o rádio. Estava no ar. Comício Também por coincidência, o comício de Lula no Anhangabaú, como mostrou o Jornal de Domingo, abriu com rap. Da periferia. Texto Anterior: Lula discute com segurança Próximo Texto: Itamar sabe como apoiar juros baixos Índice |
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