São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 1994
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Relação entre melodia e letra é analisada por professor da USP

LUÍS EDUARDO LEAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Construir um modelo para descrever a relação entre melodia e letra na canção popular brasileira é o objetivo da tese de livre-docência do professor Luiz Tatit, 42, defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP na quarta-feira passada.
Professor linguística da USP e integrante do grupo Rumo, inspirou-se na teoria semiótica de Greimas para explicar a compatibilidade entre melodia e letra na MPB.
Tomou como exemplos músicas de Roberto Carlos, Lupiscínio Rodrigues, Djavan e Caetano Veloso, entre outros. Djavan mereceu tratamento especial –44 das 365 páginas da tese são dedicadas exclusivamente à análise de "Sina".
"Usei a música do Djavan para descrever o modelo proposto na tese", diz. Motivos melódicos repetidos no início de "Sina", diz Tatit, conferem "fluência" à canção.
Em outras canções analisadas, como "O que é que a baiana tem?", de Dorival Caymmi, há fluência melódica em toda a música, por falta de conflito narrativo.
A música "passional" foi outro aspecto abordado. Nesse capítulo, foram enfocadas quatro músicas: "Eu disse Adeus" (Roberto Carlos), "Sonhos" (Peninha), "Volta" (Lupiscínio Rodrigues) e "Eu e a Brisa" (Johnny Alf).
As quatro músicas têm "melodias desaceleradas" e são cantadas de forma a "alongar as vogais". A conjunção desses elementos confere "mais tempo para o sujeito (cantor) se relacionar com o objeto (o tema da letra). Tatit afirma que a tese pretende ser científica e não crítica.

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