São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 1994
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Mortes batem recorde anterior

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O total de mortos na chacina de Taboão da Serra é quase duas vezes maior do que casos semelhantes ocorridos em Embu e Diadema, cidades da Grande São Paulo.
Em cada um desses dois casos, morreram sete pessoas. A primeira aconteceu em 86 e a segunda, em 90.
Até ontem, eram as maiores chacinas registradas no Estado, fora do sistema prisional, segundo o delegado Marco Antônio Desgualdo, 44, diretor da Divisão de Homicídios de São Paulo.
"Nunca houve uma chacina tão grande assim no Estado", disse Desgualdo, que investigou o caso ocorrido em Diadema.
Os autores das chacinas de Embu e Diadema foram grupos de matadores chamados de "justiceiros".
A maioria dos membros desses grupos estão presos, entre eles, matadores conhecidos como Adalto, Firmino, Zé Índio e Carrinho.
Maiores que as chacinas causadas por matadores, só aquelas que aconteceram no sistema prisional.
Em 87, uma rebelião na Penitenciária do Estado, no complexo penitenciário do Carandiru (zona norte) deixou 37 mortos. Entre eles, um refém que havia sido feito pelos detentos.
Dois anos depois, aconteceu a chacina do 42º DP, no Parque São Lucas (zona leste). Após uma rebelião na cadeia da delegacia, policiais civis e militares obrigaram cerca de 50 presos a entrar em uma cela-forte sem qualquer ventilação.
Uma hora depois, a cela foi aberta e 18 presos estavam mortos por asfixia. Dois policiais civis já foram condenados pelo Tribunal do Júri a penas que variam de 45 a 515 anos de prisão por esse crime.
A última grande chacina do sistema penitenciário aconteceu em 2 de outubro de 1992. Os 2.000 presos do pavilhão 9 da Casa de Detenção se rebelaram após uma briga entre grupos rivais de detentos.
O prédio foi cercado pela Tropa de Choque da PM. Policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), do COE (Comando de Operações Especiais) e do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) invadiram o pavilhão.
Depois de uma hora, a ação da PM terminou deixando um saldo de 111 presos mortos e 87 feridos. A maioria dos detentos teria sido morta dentro de suas celas por rajadas de metralhadoras e sem qualquer chance de defesa.
Seis meses depois, a promotoria do Tribunal de Justiça Militar denunciou criminalmente 120 policiais militares sob a acusação de assassinato. O processo ainda não foi concluído e nenhum dos réus está preso por causa do massacre.

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