São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 1994
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Desencane da Copa e curta a volta do velho rock'n'roll

ANDRÉ FORASTIERI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Desencane da Copa e curta a volta do bom e velho rock'n'roll

Copa do Mundo é muito legal, mas eu não vou assistir a nenhum jogo. No máximo vou tomar cerveja com os amigos antes de o Brasil entrar em campo. Se você não aguenta mais ouvir falar do Romário, continue no arroz-com-feijão do rock'n'roll, que é mais divertido.
RETORNO
Quase vinte anos atrás existia um troço chamado "Califórnia Rock". Era leve e ensolarado e sempre tocava de fundo naqueles telefilmes sobre garotas problemáticas.
California Rock era tudo que as grandes gravadoras sonhavam: vendia paca e era totalmente inofensivo. Califórnia Rock era tudo que os punks queriam destruir.
E o California Rock está de volta. Os reis do gênero, os Eagles, retornam para uma grande turnê neste verão americano. Segundo a revista "Rolling Stone", as três maiores tours deste verão em termos de dinheiro serão as dos Rolling Stones (faturamento previsto: US$ 115 milhões), dos Eagles (US$ 90 milhões) e Pink Floyd (US$ 75 milhões).
Essa segunda maior tour da temporada certamente vai render disco ao vivo, vídeo, transmissão pela TV e o diabo. Grande armação, que vai render grande grana e grande amolação –quem quer ouvir a milionésima versão de "Hotel California"?
Pelo jeito, muita gente. Quem tem aquele famoso solinho em guitarra de dois braços encrustado no inconsciente, e principalmente quem nunca ouviu falar da música. O mundo gira, a Lusitana roda e tudo sempre é novidade.
Califórnia 2
Vou mais longe nesse negócio de California Rock. Acho que ninguém ainda reparou como essas bandas que andam colando tipo Breeders e Smashing Pumpikins tem muito a ver com o lance.
Tem uma coisa amena, "mellow", melódica e triste-alegre nessas bandas que combina às maravilhas com Fleetwood Mac, a outra grande banda do California Rock.
Acho que ninguém ainda fez esta conexão porque California Rock sempre foi desprezado pela crítica, que adora essas bandas mais recentes que eu citei. Isso é besteira e miopia. Eu gosto de Breeders e gosto de Fleetwood Mac. É tudo parecido mesmo. E por que não?
Quem dita as regras sobre essas coisas? Cada um gosta do que gosta e ponto final.
FESTA
Depois dizem que esse lance todo de bandas novas é pura armação de mídia. Outro dia apareceu na minha redação uma banda chamada Party Up, para trazer demo e tal. A fita é legal, maior rock de festa e cerveja. Não deu nem tempo da gente dar "antes": já tem duas companhias atrás de assinar os caras. Assim fica difícil passar de "descobridor de talentos"... Para conferir se o Party Up é tudo isso mesmo, vá amanhã ao teatro Mars, onde eles abrem para os Raimundos.
NOVOS
Para depois não acusarem de que eu só gosto de velharia. Duas bandas novinhas em folha que eu descobri no "Manifesto": Collective Soul e Frente (essa com cover delicada de "Bizarre Love Triangle", clássico do New Order). Também merecem ser bem ouvidos: a coletânea "Mesomorph Enduros" da Natasha (com a estréia brasileira dos Melvins) e o novo do Revolting Coks, "Linger Ficken' Good" (com participação do hippie velho Timothy Leary).
Última recomendação: uma trilha tão boa quanto o filme senão melhor: a de "Um Mundo Perfeito".
Rap Brasil
Sinal de que o negócio é bom mesmo. O Sampa Crew já tinha ido para a Sony. Agora foi o selo Zimbabwe que fechou com a Warner/Continental. Isso quer dizer: promoção da pesada para gente como MT Bronk's, DMN, Gueto MC's e sim, Racionais MCs.
Rappa
Mais Warner. Rappa é uma banda que vai do reggae ao rap sem tirar os pés do Rio de Janeiro. A demo circula desde o fim do ano passado e é bem boa. Agora, o Rappa virou prioridade da gravadora. O disco sai em agosto e, segundo o povo da Warner, "há muito tempo que não se via a companhia tão a fim de estourar um produto novo".
Boatos
Falando em dinossauros, ouvi de gente de gravadora: Pink Floyd no Brasil até janeiro de 95. Como? No Hollywood Rock, não tem cabimento. Como também não cabe Rolling Stones em festival. Mas ZZ Top cabe...

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