São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994
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Agricultura do Paraná entra nos trilhos

SÉRGIO PRADO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A partir da safra 95, os agricultores do oeste do Paraná, região responsável por 25% da produção de grãos do Estado, vão contar com uma alternativa mais barata para levar sua colheita até o porto de Paranaguá.
O primeiro trecho da Estrada de Ferro Paraná Oeste (Ferroeste), que liga os 248 quilômetros entre Cascavel e Guarapuava, deve ser inaugurado até o final deste ano.
"A ferrovia deve reduzir em US$ 9/t o custo de transporte dos grãos entre Cascavel e o porto", calcula José Carlos Senden, superintendente da Ferroeste.
Segundo Senden, o frete entre Cascavel e Paranaguá deve ficar em US$ 12/t, contra os US$ 21/t cobrados pelos caminhoneiros.
Orçado em US$ 600 milhões, o projeto da Ferroeste prevê, na segunda fase, a construção de mais 419 quilômetros de trilhos para ligar Guaíra (fronteira com o MS) a Guarapuava.
A ferrovia está sendo construída pelo governo do Paraná em parceria com o Exército.
Com a Ferroeste, o governo do Paraná também espera impedir a evasão das cargas agrícolas para o porto de Santos (SP), através da hidrovia Tietê-Paraná.
"Precisamos evitar que cargas que normalmente são exportadas por Paranaguá sejam desviadas para Santos", diz Senden.
Sérgio Rezende de Barros, diretor de hidrovias da Companhia Energética de São Paulo, afirma que nesta área não existe competição. "A hidrovia e a ferrovia se complementam."
Inicialmente, o volume a ser transportado pela Ferroeste é de 4 milhões de toneladas.
Pelas estimativas da Ferroeste, até 2005 a ferrovia estará transportando 10 milhões de t de grãos por ano, incluindo produtos do Mato Grosso do Sul, Paraguai e norte da Argentina.
Hoje, o custo do frete rodoviário no trecho Guaíra-Paranaguá chega a US$ 32/t. Com a chegada dos trilhos, deve cair para US$ 16 por tonelada.
Senden prevê que serão eliminadas cerca de 160 mil viagens rodoviárias por ano.
"A ferrovia vai permitir ainda a redução dos preços dos insumos agrícolas", prevê Romano Czernej, presidente da Cooperativa Central Regional Iguaçu (Cotriguaçu), com sede em Cascavel.
Os produtores de Cascavel pagam atualmente US$ 15 de frete por tonelada do calcário que chega de Curitiba. Com a ferrovia, o preço do frete deve cair 40%.
Apenas na área de abrangência de Cotriguaçu, que reúne sete cooperativas e 38 mil associados, a demanda anual é de 350 mil toneladas de calcário e 100 mil toneladas de fertilizantes.
"Pagamos atualmente US$ 13 de frete pela tonelada de calcário, enquanto o produto custa US$ 6/t", diz Luiz Celso Machado, presidente da Cooperativa Agropecuária de Laranjeiras do Sul.

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