São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994
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A hora do balanço

ALBERTO HELENA JR.

Cumpridos os três amistosos previstos e a uma semana da estréia na Copa do Mundo, contra a Rússia, é hora de um pequeno balanço da nossa seleção.
Quanto andamos, até aqui, desde a chegada aos EUA?
Se partirmos do pressuposto de que caminhamos no rumo certo, então veremos que demos dois pasos à frente e um para trás.
Por exemplo, o caso Branco. Nosso lateral tem sido questionado há, pelo menos, um ano. Não por eventuais carências técnicas. Mas em razão de suas condições físicas.
Um lateral moderno tem de saber defender e atacar, com a mesma eficiência. Para tanto, é indispensável que esteja em ponto de bala, atleticamente.
Assim, juntamente com a técnica, a velocidade é indispensável. Pois Branco vem se arrastando em campo há muito tempo.
Aqui, ainda por cima, teve dores lombares que o afastaram dos treinamentos, justamente ele, que, mais do que todos, precisava encontrar um atalho para recuperar sua forma física.
Ficou na encruzilhada. Todos dizem que Branco estará em forma no dia da estréia. Dizem que ele está bem, em condições de jogo.
Olha-se Branco no campo e o que se vê é o oposto. Mesmo num jogo decisivo –nesta disputa paralela com seu sucessor, Leonardo–, como este contra El Salvador, nem assim Branco consegue revelar condições físicas ideais.
Entrou no segundo tempo, quando o calor escaldante já havia drenado as energias do inimigo. Deu três piques à linha de fundo e voltou pedindo um táxi.
Embora experiente, seria temerário estrear na Copa com Branco.
Logo, tudo indica, Leonardo ganhou a posição.
Mas o diabo é que Leonardo nem de longe lembra aquele lateral quase completo do São Paulo campeão do mundo. Está em processo de readaptação ao setor que abandonou há uns dois anos. Vem melhorando a cada coletivo, a cada amistoso. É jovem e inteligente, portanto capaz de crescer ainda mais na competição. Mas não há nenhuma garantia.
Se olharmos para o lado direito de Leonardo, veremos que o destino parece ter resolvido a questão, ao provocar a distensão muscular em Ricardo Gomes.
Márcio Santos, seu substituto, embora não seja nenhum craque, é, pelo menos, mais rápido e maleável do que o pesado e dúctil Ricardo Gomes, fonte de permanente apreensão toda vez que saía para dar cobertura a Leonardo.
Além disso, Márcio Santos, na seleção, costuma crescer. Trata-se, pois, de um aparente avanço.
Lá atrás, outra dúvida que incomoda torcedores e críticos é quanto à recuperação técnica de Taffarel, nosso goleiro titular.
Pois em nenhum momento, nem nos treinamentos na Universidade de Santa Clara, nem nos amistosos, pudemos avaliar essa questão. Agora, só nos resta tirar essa dúvida já em plena disputa do Mundial, o que, convenhamos, é um risco.
No meio-campo, na fita de chegada, Raí, que refluíra contra Honduras, recuperou-se, ao entrar muito bem no segundo tempo contra El Salvador.
A fragilidade dos dois adversários, porém, impede uma avaliação definitiva. De certo, mesmo, é que Mazinho, embora menos incisivo do que Raí, dá suficiente estabilidade ao setor para não entrarmos em pânico.
O resto fica por conta da dupla Bebeto e Romário, o ponto alto dessa mediana seleção brasileira.

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