São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994
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TV Globo entra com ação contra Brahma

DA SUCURSAL DO RIO

O Conar (Conselho de Auto Regulamentação Publicitária) recebeu duas ações, para serem julgadas por sua comissão de ética, contra a Brahma e sua agência de publicidade, Fischer & Justus.
As ações são motivadas pela campanha publicitária da Brahma para a Copa do Mundo. Uma ação é da TV Globo e a outra da Coca-Cola e de sua agência publicitária, McCann-Erickson.
O Conar deve convocar uma reunião extraordinária, até o final da semana, de sua comissão de ética para julgar o assunto, pois a próxima reunião ordinária está marcada para 1 de julho, depois do início da Copa.
Segundo o vice-presidente executivo da McCann-Erickson, George Teichholz, a ação é contra o uso indevido da camisa da seleção na propaganda e contra a possibilidade de os jogadores fazerem o gesto com o dedo indicador esticado, uma da marcas do marketing da cervejaria.
O publicitário chama de "pirataria" as ações da Brahma, pois "eles não pagaram pela Copa do Mundo" e a Coca Cola, sim.
A informação da indústria de refrigerantes é de que gastou US$ 20 milhões em sua campanha, dos quais US$ 14 milhões em custos de mídia (pagamento para os veículos de comunicação).
Teichholz, no entanto, diz que a compra de placas publicitárias nos jogos amistosos da seleção não constitui delito, pois elas estavam lá para serem compradas.
"É o mesmo caso. Nós compramos o direito de imagem do uso da camisa da seleção brasileira. Tinha alguém para vender (a CBF) e alguém para comprar (a Coca Cola)", diz ele.
Ele lembrou ainda que a Brahma havia se comprometido com a Coca-Cola a retirar do ar o anúncio com a camisa da seleção, mas acabou recolocando o filme.
Teichholz, mesmo descrente do resultado da ação –"não vai dar em nada", disse–, acha que a publicidade tem que "respeitar as regras do jogo". E argumentou: "A gente não invade a Fórmula-1 que a Brahma paga uma fortuna para ter".
Para Teichholz, se os jogadores fizerem o símbolo da Brahma na hora de comemorar um gol, vai caracterizar-se um "estupro da imagem". Ele afirma que tentou convencer a cervejaria Kaiser a entrar também com uma ação, mas não obteve sucesso.
A Brahma investiu US$ 25 milhões em sua campanha, que tem como ponto principal a contratação dos jogadores Raí, Zinho, Bebeto e Romário como garotos-propaganda da cervejaria.

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