São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994
Próximo Texto | Índice

Jamie Lee Curtis encarna heroína moderna

DANIEL BLANK
DO INTERNATIONAL PRESS SYNDICATE

Depois da estréia de "Os Flintstones", "True Lies" promete ser a nova sensação do verão cinematográfico nos Estados Unidos.
O filme repete a dobradinha do diretor James Cameron com o ator Arnold Schwarzenegger, responsáveis pelo megasucesso "O Exterminador do Futuro".
A novidade, porém, está reservada para a heroína da aventura, interpretada por Jamie Lee Curtis, atriz marcada por comédias como "Trocando as Bolas" e "Um Peixe Chamado Wanda".
Jamie incursiona pelo gênero de ação como uma dona de casa que não percebe que seu marido Arnold Schwarzenegger é um agente secreto.
Além do novo filme, Jamie fala em entrevista sobre sua filha adotiva, seus pais, Janet Leigh e Tony Curtis, o cachê de seus filmes e seu envolvimento com drogas.

Pergunta - O fato de tornar-se mãe modificou as escolhas que você faz como atriz?
Resposta - Sem dúvida alguma. Até o fato de ser casada mudou essas escolhas. Quando comecei a representar, eu não sabia que teria uma filha.
Annie, agora com sete anos, tem muita consciência do cinema e do que acontece nele. Faço todas minhas opções com ela em mente. Penso se esse filme será algo que ela poderá assistir, se é algo que despertará dúvidas nela.
Pergunta - Nesse caso, quando você vai deixar sua filha assistir a filmes seus como "Halloween" e "Blue Stell"?
Resposta- Qualquer filme como esses dois, filmes de natureza violenta, só quando ela for adolescente. Filmes de natureza sexual, depende das imagens. Acabei de passar "Trocando as Bolas" para ela sem mostrar a única cena que eu não queria que ela visse.
Aquela famosa cena de topless não me incomoda tanto. Tive um momento de nudez muito breve, num filme lançado dez anos atrás. Mas ainda provoca um impacto.
Pergunta - Você tem um histórico de consumo de drogas. Você já disse no passado que usou cocaína com seu pai. O que aconteceria se sua filha, quando tiver 15 anos, te dissesse que quer fumar maconha?
Resposta - Eu diria "tudo bem". Se ela quisesse experimentar maconha, eu seria a primeira pessoa a experimentar com ela.
Eu não acho que fumar maconha em casa seja muito mais estimulante ou potente do que tomar álcool.
Pergunta - Quando sua filha for adolescente, o que você vai exigir dela?
Resposta - Um certo código de conduta dentro da família. Eu não admitiria que ela mentisse para mim. Verdade e integridade seriam questões muito importantes. Se ela mentisse, eu daria o castigo mais extremo de que sou capaz.
Pergunta - O que você achou da atitude de seu pai quando consumiu drogas com você?
Resposta - Eu não falo mais sobre esse assunto. Fiz mau uso da imprensa quando falei sobre isso no passado.
Pergunta - Alguma vez seu pai ou sua mãe ficaram magoados por coisas que você disse à imprensa sobre eles?
Resposta - Não. Eu fiquei magoada por coisas que eu disse à imprensa sobre minha família.
Pergunta - Você é fã do trabalho de seus pais?
Resposta - Acho que são grandes atores. O melhor filme em que meu pai trabalhou é "Embriaguez do Sucesso". Minha mãe teve um desempenho fantástico em "A Marca da Maldade".
Pergunta - Eles tiveram o respeito que merecem como atores?
Resposta - Não acho que nós atores merecemos mais respeito do que já recebemos. Acho que os atores não merecem nada.
Minha opinião sobre como meus pais são vistos é a seguinte: acho que por causa da beleza dos dois, os trabalhos sérios deles não foram recebidos tão efusivamente e prontamente quanto muitos outros da geração deles.
Os dois são fantásticos atores. Acho uma pena que não sejam muito ativos no mercado de hoje.
Pergunta - Sua mãe disse que depois de trabalhar em "Psicose" ficou com medo de tomar banho de chuveiro. Quando você era criança, como tomava banho?
Resposta - A gente tomava banho de banheira não porque o chuveiro desse medo, mas porque a banheira era mais segura. Mas é verdade que minha mãe não toma banho de chuveiro.
Pergunta - Quando você assistiu "Psicose" pela primeira vez?
Resposta - Quando eu me tornei atriz era essa a pergunta que sempre me faziam. Inventei uma história de que quando eu tinha 11 anos eu morria de medo.
Pergunta - E qual era a verdade?
Resposta - Na verdade eu nunca tinha assistido "Psicose", ou não me lembrava de ter assistido. Talvez eu não tivesse assistido até o fim. "Psicose" não teve um papel importante na minha vida. Simplesmente não tenho qualquer memória ou reação à cena em que minha mãe é assassinada.
Eu assisto filmes sempre, tipo duas vezes por semana. Eu dou risada, choro, me assusto e quando me assusto eu saio do cinema. Mas não houve qualquer filme que mudou minha vida.
Tradução de Clara Allain

LEIA MAIS sobre Jamie Lee Curtis à pág. 5-3.

Próximo Texto: Esparadrapo; Pilão; Aquário; Eureka; Gaivota; Canela; Orégano
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.