São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 1994
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Romance português substitui 'Éramos Seis'

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

O SBT anunciou ontem que "As Pupilas do Senhor Reitor" substituirá a novela "Éramos Seis" no dia 14 de novembro.
A nova trama é uma adaptação do livro homônimo que o português Júlio Dinis escreveu em 1867. A emissora pretende exibi-la até maio do ano que vem.
Depois, deverá lançar outra novela com um pé na literatura: "Dom Casmurro", que terá por base o romance de Machado de Assis.
A escolha dos dois títulos evidencia cautela do SBT. Quando colocou "Éramos Seis" no ar, a emissora afirmou que não buscava concorrer apenas momentaneamente com as produções da Globo.
Queria mais. Planejava consolidar um núcleo paulista de teledramaturgia.
Para tanto, calculou que "Éramos Seis" precisaria registrar audiências médias de pelo menos 12 pontos (ou 475 mil domicílios) em São Paulo.
Caso alcançasse índices inferiores, não atrairia anunciantes e, por tabela, não justificaria novas investidas no gênero.
"Éramos Seis" está se saindo melhor que a encomenda. Atinge, hoje, médias de 14 pontos (555 mil residências) nos dois horários em que o SBT costuma exibi-la: 19h45 e 21h45.
Não é à toa, portanto, que a emissora, cautelosa, resolveu dar um voto de confiança para "As Pupilas" e "Dom Casmurro".
As duas histórias guardam muitas semelhanças com "Éramos Seis". Seguem a fórmula que o SBT julga vencedora.
Como a trama que está no ar, "As Pupilas" e "Dom Casmurro" têm inspiração literária e são novelas de época.
"Éramos Seis", que se baseia no romance de Maria José Dupret, elegeu como cenário a São Paulo dos anos 20, 30 e 40.
O enredo de "As Pupilas" se desenvolve um século antes, entre 1840 e 1860, na região do Minho, noroeste de Portugal.
As protagonistas são Clara e Margarida, irmãs por parte de pai que se envolvem com Pedro e Daniel das Dornas, também irmãos, um lavrador, o outro médico.
"Dom Casmurro", igualmente, se desenrola durante o século 19, só que no Rio de Janeiro.
Mais um ponto aproxima "Éramos Seis" de "As Pupilas". As duas são "remakes". A primeira já passou na Record em 1958 e na Tupi, em 1967 e 1977.
A outra ocupou a faixa das 19h na mesma Record, em 1970. Tinha Márcia Maria, Agnaldo Rayol e Fúlvio Stefanini no elenco, direção de Dionísio Azevedo e adaptação de Lauro César Muniz.
O texto de Muniz, aliás, servirá de base para o SBT. A emissora planeja reduzi-lo de 279 para 160 capítulos.
Os dramaturgos Jandira Martini e Marcos Caruso –que assinam a comédia "Porca Miséria", um dos atuais sucessos da temporada teatral paulistana– estão adaptando "Dom Casmurro" com Leonor Correa. A novela também terá 160 capítulos.
"É melhor investir em histórias de ritmo lento, em tramas que parte do público já conhece", diz o diretor Nilton Travesso, responsável pelo núcleo dramatúrgico do SBT.
"Não adianta tentar fazer uma novela urbana, nervosa, com texto inédito e contemporâneo. A Globo já as faz muito bem. Temos que seguir outras trilhas, precisamos nos diferenciar."
O SBT ainda não definiu o elenco e os diretores das próximas produções. Já decidiu, porém, que irá exibi-las em apenas um horário, provavelmente às 19h45.

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