São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 1994
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Israel e Vaticano têm relações diplomáticas

Documento prepara futura troca de embaixadores

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os Estados do Vaticano e de Israel estabeleceram ontem relações diplomáticas plenas. O vice-chanceler de Israel, Yossi Beilin, e o arcebispo Andrea Cordero Lanza de Montezemolo, delegado apostólico, assinaram em Jerusalém o documento que regulamenta a futura troca de embaixadores.
O estabelecimento de relações começou com a assinatura, em 30 de dezembro, de um tratado em que os dois Estados se reconheciam mutuamente.
Desde então foram negociados os detalhes para a troca de embaixadores. Um comitê discutirá nos próximos dois anos detalhes jurídicos e fiscais da Igreja em Israel.
A sede da Igreja Católica nunca reconheceu a existência de Israel. O principal problema é o estatuto de Jerusalém.
O Vaticano defende a idéia de que Jerusalém seja uma cidade internacional administrada por representantes do judaísmo, cristianismo e islamismo –religiões para as quais a cidade é importante.
Era isso que a decisão da ONU que estabeleceu o Estado de Israel em 1948 previa. A Jordânia, porém, ocupou Jerusalém leste (a parte antiga da cidade) quando tomou o território que a ONU havia destinado para um Estado Palestino. Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel tomou a cidade e a declarou "capital eterna e indivisível" do país.
O Vaticano não reconheceu Israel e Jordânia por causa dessa questão.
A nunciatura apostólica (embaixada) do Vaticano em Israel será em Jaffa, junto a Tel Aviv.
É em Tel Aviv que estão quase todas as embaixadas estrangeiras em Israel. Jerusalém não é reconhecida como capital israelense pela comunidade internacional
Pelo acordo assinado ontem, a Igreja terá lugar nas futuras discussões entre Israel e os palestinos sobre Jerusalém e os lugares santos.
O acordo garante a liberdade da Igreja de exercer suas atividades, manter instituições de ensino e meios de comunicação.
O Vaticano se compromete a não se envolver na discussão de fronteiras e território de Israel.
Shmuel Hadas e o próprio Montezemolo, que atuaram desde dezembro como "representantes especiais" de Israel e do Vaticano, deverão ser os embaixadores. Segundo Beilin, eles já atuam como embaixadores e as indicações formais devem ser feitas em breve.
Segundo o Vaticano, 2,7% da população de Israel é de católicos. Nos territórios ocupados, no entanto, essa proporção é maior.
O conflito com Israel tem sido usado por organizações islâmicas para sua expansão entre os cristãos palestinos.
A possibilidade de participar de discussões entre Israel e palestinos que a existência legal em Israel garante à Igreja é um dos principais objetivos do Vaticano no estabelecimento de relações diplomáticas.

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