São Paulo, sexta-feira, 17 de junho de 1994
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Fazenda considera reajuste inevitável

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Fazenda considera inevitável a concessão de reajuste para o funcionalismo público federal por causa da pressão dos militares.
A equipe econômica resiste ao aumento como estratégia para evitar um valor de reposição que comprometa o caixa do Tesouro.
O presidente Itamar Franco avisou ao ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, que se comprometeu com os ministros militares a repor no salário de julho parte das perdas salariais havidas com a conversão em URV.
A Fazenda avalia que o governo não poderia restringir os reajustes aos militares, mediante aumento de suas gratificações. Por isso, um aumento para todo o funcionalismo é esperado para julho.
Hoje, uma general-de-Exército tem soldo de 490 URVs. Segundo boletim do clube, esse valor é correspondente ao soldo de um segundo-tenente, em janeiro de 94.
Segundo o Ministério do Exército, um general-de-Exército tem salário líquido de 1.454 URVs (inclui gratificações). Já um capitão com 15 anos de serviço e curso de aperfeiçoamento, ganha hoje 808 URVs (líquido).
O ministro do Exército, Zenildo de Lucena, enviou comunicado a todas as unidades, clubes e círculos militares na última segunda para informar que há disposição do presidente de conceder reajuste.
"O Ministro foi autorizado pelo Presidente a informar que sua Excelência considera impossível a manutenção dos atuais níveis de vencimento dos militares e dos Servidores Civis do Plano de Classificação de Cargos (PCC), não beneficiados pela criação de gratificações e outros tipos de vantagens", afirma o informativo.
Os ministros militares estão irritados com o que classificam reservadamente como má vontade da Fazenda.
A SAF (Secretaria de Administração Federal) reclama das dificuldades impostas pela Fazenda.
A assessoria do ministro-chefe da SAF, Romildo Canhim, analisa que os US$ 24 bilhões previstos para pagamento de pessoal no projeto orçamentário de 94 estão superestimados.
A SAF avalia que existiria uma sobra de pelo menos US$ 1 bilhão nas verbas orçamentárias para pagamento do funcionalismo.
Com isso, a Secretaria do Tesouro teria de buscar mais US$ 2,5 bilhões para aumentar os funcionários públicos do Executivo, já que seriam necessários US$ 3,5 bilhões para pagar todo o funcionalismo.

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