São Paulo, sexta-feira, 17 de junho de 1994
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TVs não pretendem usar efeitos inéditos

Globo evita 'câmera lenta ao vivo'

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

Se depender das emissoras brasileiras, a transmissão da Copa reserva poucas surpresas para o telespectador.
Globo, Bandeirantes e SBT anunciaram que não pretendem rechear os jogos com nenhuma novidade técnica.
Todos os efeitos especiais que planejam usar já entraram em cena outras vezes: nas Copas de 86 e 90, no último Campeonato Paulista de Futebol e nas Olimpíadas de Barcelona (92).
A Globo é a única das três redes que teria condições de exibir algo novo.
Há um ano, a emissora comprou um equipamento norte-americano da marca ESV System que reduz a velocidade das imagens no momento em que a cena está acontecendo.
Lembre-se, por exemplo, da recente partida entre Brasil e Canadá. O atacante Romário fez um gol depois de driblar uma fileira de adversários.
Se a Globo resolvesse acionar o equipamento assim que o jogador deu o primeiro drible, o telespectador assitiria o resto do lance em câmera lenta.
Não à toa, o aparelho recebeu o nome de "Live Slow Motion" (LSM). Ou, literalmente, "câmera lenta ao vivo".
A Globo nunca usou o efeito. Nem pretende fazê-lo durante a Copa. A direção da emissora ainda tem dúvidas de como o público reagiria à novidade.
Teme que haja reclamações de ordem "ética". É que o LSM não exibe as imagens exatamente ao vivo. Como diminui a velocidade das cenas reais, acaba por mostrá-las 15 milésimos de segundos após o instante em que ocorreram.
Assim, no caso do jogo contra o Canadá, os telespectadores veriam o gol brasileiro um pouco depois de Romário tê-lo marcado. Poderiam não gostar.
Para evitar tais dores de cabeça em um evento tão caro quanto a Copa, a emissora preferiu o feijão-com-arroz.
Basicamente, utilizará três recursos especiais: o tira-teima", o "touch screen" e o "super slow motion" (leia quadro ao lado).
Nenhum é inédito. A Globo recorre ao tira-teima desde 86. O "touch screen" entrou no ar pela primeira vez há quatro meses. E o "super slow motion", há quase um ano.
O SBT também não quer arriscar. O único efeito especial que deverá usar é a "família Amarelinho" –cinco bonecos animados que, desde a Copa de 90, invadem os jogos da seleção brasileira.
Mais cautelosa ainda, a Bandeirantes optou por transmitir os jogos "sem poluição visual". Ficará apenas com os efeitos que a European Broadcasting Union (EBU) produzir.
A EBU, associação de TVs européias, vai gerar para o mundo inteiro as imagens de todos os jogos da Copa.
É sobre tais imagens que Globo e SBT irão inserir seus efeitos especiais.

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